Para delegado, maus-tratos não eximem responsabilidade de ativistas

Segundo Marcelo Carriel, invasão e vandalismo serão investigados.

No sábado (19), mascarados depredaram viatura e queimaram três veículos.

Do G1 Sorocaba e Jundiaí
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Segundo Marcelo Carriel, delegado seccional de Sorocaba (SP), mesmo que os maus-tratos praticados contra os cães da raça beagle retirados do Instituto Royal na madrugada da última sexta-feira (18) emSão Roque (SP) sejam comprovados, todos os crimes relacionados ao caso serão investigados. Durante a manifestação deste sábado (19), um grupo de mascarados praticou diversos atos de vandalismo e incendiou três carros.
"Se não se aceita que cães, ou quaisquer animais sejam submetidos à testes ou sejam utilizados como cobaias para questões laboratoriais, que se mude a lei, que se mude a legislação, mas que não se pratiquem outros crimes para tentar eximir a questão ou tentar justificar a questão dos maus-tratos", destaca Carriel.

"Uma coisa não exclui a outra, ambas as linhas serão apuradas. O que não se pode admitir é que, com a justificativa de que os cães eventualmente estavam sendo objeto de maus-tratos, que se pratiquem outros crimes", explica.
De acordo com o delegado seccional, a justificativa de que os animais estariam sofrendo maus-tratos não é suficiente para eximir a responsabilidade dos ativistas durante a invasão e a depredação do instituto e do furto qualificado dos animais.
Segundo Carriel, a apuração da denúncia de maus-tratos ficou prejudicada depois que os cães foram retirados do instituto. "Nós só podemos comprovar os maus-tratos se tivermos materialidade, ou seja, se houver uma perícia nos cães e se constatar que eles estavam sendo objeto de maus-tratos", aponta.
De acordo com o delegado seccional, há mais de um ano existe um inquérito civil público instaurado pelo Ministério Público de São Roque para apurar eventuais maus-tratos ou irregularidades praticadas pela empresa, entretanto, nada foi confirmado durante as averiguações.
"Por duas vezes, os promotores visitaram o instituto pessoalmente, acompanhados por um biólogo e por uma veterinária, e em nenhuma das ocasiões foi constatado maus-tratos. Pelo contrário, foram emitidos laudos no sentido de que a legislação estava sendo contemplada e de que a empresa cumpria todas as exigências legais", explica Carriel.
De acordo com o delegado de São Roque, Marcelo Pontes, cinco funcionários do instituto foram intimados para prestar depoimento,entre eles, a gerente-geral do laboratório Sivia Ortiz. Um dos diretores do Instituto Royal informou que alguns cães, assim que recapturados, serão doados.
Manifestantes em defesa dos animais mudam placa orientação (Foto: Geraldo Nacimento/G1)Manifestantes em defesa dos animais mudam
placa de orientação (Foto: Geraldo Jr./ G1)
Entenda o caso
O protesto deste sábado foi marcado pelas redes sociais e tomou força depois que ativistas invadiram a sede do Instituto Royal na madrugada de sexta-feira (18).
A manifestação foi motivada por suspeitas de maus-tratos aos bichos no local. Os ativistas afirmaram nas redes sociais que a empresa pretendia sacrificar os animais. Manifestantes disseram que o laboratório tinha mais de 200 animais no local.
A Guarda Municipal da cidade informou que o protesto reuniu 120 pessoas, e que a maior parte invadiu o complexo após quebrar um portão por volta de 2h. A corporação confirmou que muitos ativistas levaram em seus carros os animais do laboratório.
Após o tumulto, as duas partes foram à delegacia e registraram boletins de ocorrência - os ativistas por crime ambiental e maus-tratos, e o instituto por furto. A empresa admite testes com animais, mas nega maus-tratos e diz que segue todas as normas governamentais sobre o assunto.
De portas fechadas
O Instituto Royal permanece fechado nesta segunda-feira (21). Os poucos ativistas que estavam na frente do instituto deixaram o local pela manhã. Apenas uma viatura da Polícia Militar permanece na frente do laboratório, por questões de segurança.
"Nós estamos pensando na segurança dos funcionários, por isso, não há previsão para voltar aos trabalhos. Agora nós aguardamos o laudo da perícia técnica para a comprovação do vandalismo que destruiu todo o prédio", afirma a diretora geral do Instituto Royal, Sílvia Ortiz.
Mascarados atearam fogo à viatura da PM e a veículos da imprensa (Foto: Geraldo Jr. / G1)Durante a manifestação de sábado (19), grupo de mascarados ateou fogo à uma viatura da PM e incendiou veículos da imprensa (Foto: Geraldo Jr. / G1)

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