Relatório da PF mostra depósitos da multinacional Alstom em contas de offshore pagadora de propinas

estadão.com

Documento encartado no inquérito Alstom foi preparado com base em dados bancários enviados pela Suíça

Relatório de análise financeira da Polícia Federal em São Paulo, encartado no inquérito 222/98 (inquérito Alstom), mostra que a emblemática offshore MCA Uruguay Ltd – suposta repassadora de propinas a agentes públicos paulistas nos anos 90 – recebeu em contas na Suíça, Luxemburgo e Nova York a soma de 2,23 milhões de euros, 4,64 milhões de francos franceses e 4,40 milhões de dólares.
Os depósitos foram realizados entre novembro de 1999 e junho de 2004. O relatório da PF, amparado nos extratos bancários enviados pela Suíça em dezembro de 2010, indica que “o maior depositante” em favor da MCA Uruguay foi a Alstom, multinacional francesa que teria abastecido contas de servidores de estatais paulistas naquele período.
A Alstom e uma empresa coligada, a Cegelec Agricole Indosuez Paris, depositaram nas contas da MCA 1,84 milhões de euros, 4,5 milhões de francos franceses e 419,7 mil dólares
O documento, produzido pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), da Superintendência Regional da PF em São Paulo, esmiúça os dados enviados pela Suíça no caso Alstom.
A Suíça enviou cópias de extratos de 5 contas da MCA, identificada no sistema bancário suíço pelo código 7128447.
Na ocasião, 3 contas da MCA estavam alojadas no Union Bancaire Privée (UBP), em Zurique, e duas em outras localidades – uma no paraíso fiscal de Luxemburgo, a outra em Nova Iorque.
As informações são relativas a movimentações financeiras da MCA Uruguay Ltd, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, titularizada pelo lobista Romeu Pinto Junior – apontado como pagador de propinas da multinacional francesa a ex-dirigentes de estatais paulistas, nos anos 90.
O relatório de análise faz parte do volume IX do inquérito Alstom.
É subscrito pela delegada Juliana Ferrer Teixeira – ela presidiu a primeira etapa do inquérito Alstom – e data de 25 de março de 2011.
O relatório vai da página 115 até a 162 do volume IX, incluindo depoimento de Romeu Pinto Junior, que se apresenta como ex-procurador da offshore.
Ele foi ouvido no dia 2 de abril de 2012 pelo delegado Milton Fornazzari Junior, que agora preside o inquérito.
Romeu Pinto Junior afirmou que “os verdadeiros donos” da MCA eram os franceses Pierre Chazot e Philippe Jafré que, segundo ele, “estavam sempre na Alstom”.
O lobista declarou que Chazot e Jafré o “ordenavam a entregar pacotes com dinheiro em espécie para outras pessoas””.

Postar um comentário

0 Comentários