87% do lixo poderia ser reaproveitado


Estudo mostra que somente 13% de tudo que é enviado a aterro tem a destinação correta


André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br
 

A maior parte das 550 toneladas de lixo enviadas diariamente ao aterro de Iperó pela Prefeitura de Sorocaba poderia ser reaproveitada. De acordo com estudo que integra o Diagnóstico de Resíduos Sólidos, um documento que pautará o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Sorocaba, 87% dos materiais descartados pela população e levados para a cidade vizinha são passíveis de reciclagem. Caso houvesse um sistema eficiente que desse o melhor destino a cada tipo de resíduo, a quantidade diária aterrada em Iperó poderia cair para 71,5 toneladas. 

Essas informações foram divulgadas ontem pela empresa SHS Consultoria e Projetos de Engenharia, que foi contratada pela Prefeitura, sob um valor de R$ 163 mil, para a elaboração do plano de resíduos sólidos. Durante a audiência pública ocorrida na parte da manhã, os engenheiros demonstraram a tipificação do lixo gerado na cidade, além de quantificá-lo e revelar quais ações são feitas para o aterramento dos mesmos. 

O diagnóstico mostra que apenas 13% dos resíduos gerados atualmente no município realmente necessitariam ser enviados ao aterro de Iperó, operado pela empresa Proactiva Ambiental. São elas as fezes e lixo de banheiro (6%), fraldas (3%) e outros tipos de materiais (4%) não passíveis de reciclagem. A maior parte do lixo de Sorocaba é composta por material orgânico (48%), papel (16%), plásticos em geral (9%), vidros (5%), calçados (3%), embalagens (2%), metais (2%) e entulho (2%), que poderiam ser reaproveitados. 

Caso o sistema de destinação correta dos resíduos fosse implementado em Sorocaba, o diagnóstico feito pela empresa SHS demonstra que a Prefeitura poderia obter benefícios econômicos, pois se aproveitaria o valor agregado dos materiais e não se gastaria mais do que o necessário com a disposição do lixo no aterro de Iperó. "Ainda podem ser citados os benefícios ambientais, ao evitar a extração desnecessária de novas matérias-primas e ao aumentar a vida útil do aterro, bem como os benefícios sociais, ao gerar oportunidades de emprego e renda para os trabalhadores ligados à coleta seletiva e reciclagem", narra o texto do documento. 

Coleta seletiva 

Atualmente, a coleta seletiva de Sorocaba atende apenas 15% dos domicílios da cidade, com um total de 230 toneladas de materiais recolhidos por mês. Esse trabalho é realizado, em parceria com a Prefeitura, pelas cooperativas de reciclagem da cidade, que contam com 160 cooperados. São elas a Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso) e a Central de Reciclagem, que é composta por três instituições. 

A Prefeitura está investindo na criação de um Plano de Coleta Seletiva na cidade, para otimizar esse serviço. A empresa Reúsa Conservação Ambiental havia sido contratada para esse trabalho, por um valor de R$ 134,5 mil, porém o contrato foi revogado por problemas administrativos. Ontem na audiência foi informado que a administração municipal não conseguiu divulgar a contratação a tempo no Diário Oficial do Estado, portanto será lançada, ainda neste mês, uma nova licitação. 

A secretária de Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, afirma que as discussões no País sobre a coleta seletiva ainda são recentes, portanto os poderes públicos ainda estão caminhando para encontrar as melhores soluções. "Essa Política de Resíduos Sólidos é ainda tão moderna e incentivadora, que acho que tem tanto de tecnologia por se desenvolver ainda, tem tantos produtos que ainda serão inventados a partir de resíduos que ainda não temos solução hoje, que é um processo". 

Jussara acredita ainda em uma evolução gradativa. "Não podemos pensar que é só porque temos uma Política Nacional que vamos achar a solução para tudo, então vamos por partes. Sorocaba possui vários segmentos muito bem resolvidos, diferente da maior parte dos municípios, mas é lógico que temos tantos outros para resolver, por isso vamos acompanhando a discussão nacional e estadual", relata.

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