Comitê de Bacias questionará o Saae sobre manobras para abastecer o Éden

Autarquia divulga que vai captar água na represa que já abastece os reservatórios de 60% da cidade


André Moraes
andré.moraes@jcruzeiro.com.br 


O Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT) irá questionar o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba a respeito da decisão de recorrer à represa de Itupararanga para abastecer as regiões do Éden, Cajuru e Aparecidinha, já que o nível do manancial que era utilizado para levar água a esses locais está crítico. De acordo com o coordenador da Câmara Técnica de Planejamento do CBH-SMT, André Cordeiro Alves dos Santos, a autarquia precisa informar de que forma será feita essa "ajuda" ao abastecimento daquela parte da cidade, que atualmente enfrenta um rodízio, já que as águas retiradas de Itupararanga já são responsáveis por encher as caixas d"água de 60% da cidade. 

Santos, que também é professor do Departamento de Biologia do câmpus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), relata que o Comitê ainda não possui nenhuma informação a respeito dessa atitude do Saae, sendo que ele ficou sabendo na manhã de ontem pela reportagem publicada no Cruzeiro do Sul, enquanto concedia uma entrevista à rádio Cruzeiro FM 92,3. Para ele, a decisão de injetar água do sistema Itupararanga/Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado seria a última medida emergencial que a autarquia poderia tomar para tentar minimizar os problemas de abastecimento enfrentados na região do Éden, Cajuru e Aparecidinha. 

Portanto, ele destaca que o Comitê deverá buscar mais informações, já que ele teme que a região da cidade que é atendida pela ETA do Cerrado possa ser afetada. "Não sei como consegue aumentar o abastecimento de mais 100 mil pessoas (da região do Éden), sem deixar as outras pessoas sem falta d"água", diz. 

Segundo ele, caso os atendidos pelo sistema Itupararanga tenham algum problema, os mais prejudicados serão os moradores de bairros periféricos, como os da zona norte. "A fonte de água é a ETA do Cerrado, então quanto mais distante está da estação, provavelmente mais água vai faltar. Talvez a população nem perceba, porque usam a caixa d"água. Mas se usar isso (a manobra) a longo prazo, vai acabar tendo influência na cidade inteira. Para abastecer de um lado, tem que tirar de outro", afirma. 

Captação na represa 

O Saae, por meio de sua assessoria de imprensa, revela que irá continuar captando o mesmo volume de água da represa de Itupararanga, que seria 1.980 litros por segundo, conforme autorização do órgão outorgante, o Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) do Estado de São Paulo. 

Portanto explica que essa manobra anunciada na terça-feira para abastecer os bairros do Éden, Cajuru e Aparecidinha será realizada a partir do Centro de Distribuição do Jardim Dois Corações, que é a única interligação atualmente existente entre a ETA do Éden e o sistema Itupararanga. 

A decisão foi tomada depois de a represa do Ferraz ter diminuído 44% em três dias - chegando a apenas 28 centímetros, volume equivalente a 18,6% de sua profundidade considerada normal, que é de acima de 1,5 metro. A autarquia alega que está monitorando essa ação "constantemente", para que o restante da cidade não seja prejudicado. "No dia 18, a direção do Saae/Sorocaba realizou mais uma reunião com os engenheiros de Itupararanga, que mais uma vez garantiram que o abastecimento público está garantido, permitindo que a autarquia continue captando o volume total para o qual possui outorga do Daee", relata em nota. 

O Saae ainda garante que essa medida tomada na última terça-feira é emergencial e temporária e será mantida apenas enquanto o sistema da região do Éden, Cajuru e Aparecidinha não retornar à sua normalidade, fazendo com que o rodízio, iniciado na segunda semana de julho, possa ser encerrado.

Postar um comentário

0 Comentários