Programa de governo do PSB terá eixo sobre minorias

Bandeira de direitos de gays é defendida pelo PSB de Campos, mas há uma resistência dos movimentos da causa LGBT à figura da vice



O programa de governo de Eduardo Campos e Marina Silva (PSB) só deve ficar pronto no fim deste mês ou até no começo de agosto. Os detalhes são guardados em sigilo pela equipe de campanha, mas o coordenador Maurício Rands revelou ao Broadcast Político que, além dos cinco eixos apresentados nas diretrizes para elaboração do programa, ele trará também um sexto eixo, chamado "Identidade e Cidadania Plena". "Será uma parte do programa toda dedicada à identidade das pessoas de movimentos e segmentos específicos, como mulheres, negros e LGBT", disse Rands.
A bandeira de direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais é defendida há tempos pelo PSB de Campos, mas há uma resistência dos movimentos da causa LGBT à figura da vice Marina Silva, por ela ser evangélica. Rands garante que isso é uma questão superada e que não será difícil de comunicar isso ao eleitor. "A Marina é uma pessoa muito aberta, que sabe que o Estado é laico. Ela não quer impor nenhuma concepção individual religiosa ou moral", disse o coordenador.
Rands coordena a elaboração do programa, como representante do PSB, ao lado de Neca Setúbal, irmã do banqueiro Roberto Setúbal e amiga de Marina, que coordena o trabalho pelo lado da Rede Sustentabilidade. "A gente está trabalhando todo dia até de madrugada, mas é um trabalho muito legal. O programa vai trazer muitas novidades boas", disse Rands.
O pessebista ressalta que é uma elaboração de programa inovadora por ser feita a partir de contribuições diversas, de segmentos organizados, da academia e de representantes da sociedade civil. De acordo com pessoas ligadas à campanha, o documento já chega a aproximadamente 250 páginas, deve ter um resumo executivo, um sumário de cerca de 20 páginas e uma versão digital.
Os outros cinco eixos que constam das diretrizes do programa encabeçado por PSB e Rede são: "Estado e a democracia de alta intensidade", que trata sobre reforma política e novo pacto federativo; "Economia para o desenvolvimento sustentável", que trata das propostas para economia e considerações ambientais; "Educação, cultura e inovação", com propostas para educação, treinamento profissional e cultura; "Políticas sociais e qualidade de vida", sobre programas sociais e propostas para a saúde pública; e "Novo urbanismo e o pacto pela vida", que trata de mobilidade, saneamento, segurança pública. O documento completo está disponível no site da campanha.
Propostas populares
Nos últimos dias, Campos e Marina têm falado de propostas com apelo popular, como o Passe Livre estudantil. Além disso, como noticiou o Estadão, Campos estuda incluir no programa a proposta do fim do fator previdenciário, pauta que atende a uma reivindicação antiga de centrais sindicais e aposentados, mas que pode gerar um desequilíbrio nas contas da Previdência.
Rands preferiu não responder diretamente se o tema já está no programa de governo, mas afirmou que nenhuma proposta será colocada de forma leviana. "Temos uma responsabilidade muito grande com a sustentabilidade da Previdência, que é um patrimônio do povo brasileiro", afirmou. "Mas nós temos que ter sempre também uma preocupação com um princípio de justiça", completou.
Criado em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o fator previdenciário é um mecanismo para desestimular aposentadorias precoces, mas que chega a reduzir o valor do benefício em até 30%. Também consultado pelo Broadcast Político, o coordenador-geral da equipe de campanha, Carlos Siqueira, também evitou confirmar que Campos vá defender o fim do fator previdenciário e se limitou a dizer que "todas as propostas estão sendo estudadas dentro do Orçamento (federal)".

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