Dilma reunirá aliados e vai tentar evitar atritos na base


BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta segunda-feira que reunirá governadores e senadores aliados eleitos na terça-feira para dar a arrancada da sua campanha no segundo turno, tomando o cuidado de não criar conflito onde há aliados disputando o segundo turno, uma preocupação de sua campanha para evitar perda de apoios.
"Nós vamos fazer primeiro uma reunião de todos os governadores da minha base eleitos no primeiro turno e de todos os senadores eleitos no primeiro turno e também de governadores que não há conflito no sentido de que não há disputa dentro da base", disse a presidente.
Questionada sobre a possibilidade de subir em mais de um palanque em cada Estado, Dilma disse que vai "aguardar para avaliar".
Uma das preocupações da campanha petista no segundo turno é justamente a disputa entre aliados em disputas estaduais e os danos que isso pode provocar na corrida presidencial.
Na votação de domingo, Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto Aécio ficou com 33,6 por cento, o equivalente a 34,9 milhões.
Para Dilma, "é provável" que os mais de 22 milhões de votos da terceira colocada nas eleições, a candidata Marina Silva (PSB), se dividam no segundo turno entre ela e seu adversário Aécio Neves (PSDB). A presidente disse que recebeu um telefonema "gentil e civilizado" de Marina, que lhe cumprimentou pela vitória e que as duas não falaram sobre apoio no segundo turno.
"Eu acho que hoje seria uma temeridade qualquer fala a respeito de como será o apoio no futuro. É óbvio que muitas vezes os apoios não dependem só de uma pessoa, são decididos por várias instâncias", disse.
Dilma afirmou ainda que deve começar suas atividades de campanha na rua no Nordeste e seguir para o Sul do país. "E para Minas e São Paulo na sequência", disse.
DE VOLTA COM OS FANTASMAS
A presidente voltou a dizer ainda que o PSDB representa a volta "dos fantasmas do passado", rebatendo ainda as declarações de Aécio, que mais cedo disse que os brasileiros temem na verdade "os monstros do presente", como a recessão e a inflação alta.
"Em um período pós Plano Real eles praticaram taxas de juros de 45 por cento e ao mesmo tempo tiveram uma taxa altíssima média de juros de 25 por cento", atacou Dilma.
"Mas além disso jamais colocaram os pobres no orçamento, todas as políticas sociais foram restritas, feitas para poucas pessoas", acrescentou.
"Compare os monstros do passado com o que está acontecendo no meu governo. Ele pode usar retórica, mas a realidade se impõe", rebateu Dilma.
Dilma ainda atacou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que já foi indicado por Aécio como futuro ministro da Fazenda, caso chegue à Presidência.
"Indicar o Armínio Fraga é um complicador para ele", argumentou dizendo que quando ele presidiu o BC a inflação "saiu por duas vezes do limite superior da política de metas, em 2001 a inflação foi a 7,7 por cento e, em 2002, a inflação foi de 12,5 por cento."
Questionada sobre a disparada da Bolsa de Valores nesta segunda-feira, após o resultado eleitoral que foi mais favorável a Aécio apesar da sua vitória, Dilma disse que o mercado não vence eleição.
"Eu desconfio que os investidores podem fazer tudo, mas não ganham uma eleição. Quem ganha e vota no Brasil chama-se povo brasileiro", disse.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)

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