Ativistas voltaram ao local e constataram o total abandono do edifício.
Inquérito sobre maus-tratos está em conclusão e será enviado ao MP.
A invasão ao Instituto Royal, de São Roque (SP), completa um ano neste sábado (18). A invasão resultou no furto de 178 beagles, sete coelhos e mais de 200 camundongos, além da destruição de diversos arquivos de pesquisas que estavam sendo realizadas. No último domingo (10), um grupo de ativistas esteve no prédio e constatou que o prédio está totalmente abandonado - uma ativista, que prefere não se identificar, disse à reportagem do G1 que a ideia era desmentir boatos de que ainda existiam animais no local. "Fomos lá e vimos que tudo está fechado. Não tem nada no local, nem móveis. Eu até fiquei sabendo que o local vai ser vendido e vai ser construito até um hotel no local", frisou.
Para ela, o episódio do dia 18 de outubro de 2013 abriu a discussão sobre os testes com animais no país. "A comunidade científica do Brasil tem se mobilizado para encontrar alternativas mais tecnólogicas, sem o uso de animais. Na questão política, também conseguimos muitos avanços, já que foram criadas leis que proíbem em certos municípios o uso de animais em testes para comésticos. Tivemos ainda um aumento dos fóruns para discutir mais o assunto e alavancar os testes substitutivos", acredita a ativista.
Como forma de celebrar a data, os ativistas criaram uma página em uma rede social com o intuito de reunir fotos dos animais resgatados no dia da invasão. "A ideia é mostrar que eles estão bem, que eles estavam doentes por causa dos testes, mas não com algum vírus ou bactéria que poderia passar para o ser humano. Eles são cachorros normais, que carregam o trauma dos testes em que foram submetidos, mas que ageme como qualquer outro cão", finaliza a ativista que foi uma das que encabeçou a campanha contra o laboratório.
Investigação policial
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba (SP) ficou responsável por cuidar dos dois inquéritos que foram instaurados para apurar o caso do Instituto Royal: um sobre a invasão e o outro, em conjunto com o Ministério Público, sobre as denúncias de maus-tratos.
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba (SP) ficou responsável por cuidar dos dois inquéritos que foram instaurados para apurar o caso do Instituto Royal: um sobre a invasão e o outro, em conjunto com o Ministério Público, sobre as denúncias de maus-tratos.
De acordo com o delegado da DIG, José Urban Filho, o inquérito sobre os maus-tratos está em fase de conclusão e será enviado, em breve, ao Ministério Público. Já o inquérito sobre a invasão só será finalizado em aproximadamente 30 dias. Como o caso corre em silêncio de Justiça, o delegado não pode revelar muitos detalhes sobre o assunto, apenas que algumas pessoas já foram identificadas, mas ninguém foi preso até o momento.
Com relação aos crimes que cada uma das pessoas identificadas que participaram da invasão vai responder, o delegado explica que cada caso será avaliado individualmente, já que as pessoas tiveram participações diferentes, mas podem ser considerados os crimes de invasão de propriedade, depredação de patrimônio privado, receptação e furto dos animais.
A reportagem do G1 entrou em contato com a diretora do Instituto Royal, Silvia Ortiz, para saber sobre as atividades do laboratório após a invasão, mas ela preferiu não se manifestar por uma questão de segurança. Desde o início dos boatos de maus-tratos feitos dentro do laboratório aos animais, ela e sua família sofreram ameaças, precisando mudar até de cidade.
Após as invasões ao laboratório, a diretoria do Instituto Royal enviou um comunicado à imprensa no dia 6 de novembro de 2013, informando o encerramento de suas atividades em São Roque. Para eles, a medida foi necessária levando-se em conta às "elevadas e irreparáveis perdas" que o laboratório sofreu com a ação dos ativistas, o que significou "a perda de quase todo o plantel de animais e de aproximadamente uma década de pesquisas".
A empresa também atribui a decisão à crise na segurança, que coloca "em risco permanente a integridade física e moral de seus colaboradores". Segundo o laboratório informou na época, cerca de 85 funcionários, entre médicos veterinários, farmacêuticos, biólogos e biomédicos, foram desligados da empresa. "O prejuízo causado ao Instituto Royal não é mensurável. Mas é certo que o Brasil inteiro perde muito com este episódio", concluiu o laboratório por meio de nota.
Relembre o caso
Em setembro de 2013, após denúncias de maus-tratos em animais usados em pesquisas e testes de produtos farmacêuticos - incluindo cães da raça beagle, camundongos e coelhos -, ativistas passaram a protestar em frente ao Instituto Royal. Os manifestantes acusaram o instituto de usar metódos cruéis na realização de experimentos. Já no dia 12 de outubro, ativistas se acorrentaram no portão da unidade e prometeram ficar no local até terem uma lista de reivindicações atendidas. Na época, representantes do laboratório conversaram com os manifestantes, mas, segundo uma das organizadoras do protesto, não houve acordo.
Em setembro de 2013, após denúncias de maus-tratos em animais usados em pesquisas e testes de produtos farmacêuticos - incluindo cães da raça beagle, camundongos e coelhos -, ativistas passaram a protestar em frente ao Instituto Royal. Os manifestantes acusaram o instituto de usar metódos cruéis na realização de experimentos. Já no dia 12 de outubro, ativistas se acorrentaram no portão da unidade e prometeram ficar no local até terem uma lista de reivindicações atendidas. Na época, representantes do laboratório conversaram com os manifestantes, mas, segundo uma das organizadoras do protesto, não houve acordo.
O movimento ganhou adesões após boatos se espalharem nas redes socias de que o Instituto Royal estava preparando a retirada e o sacrifício dos animais da unidade. A informação foi divulgada pelos ativistas que estavam de plantão em frente ao laboratório e viram três vans e um caminhão de pequeno porte entrarem no laboratório.Em seguida, uma reunião foi marcada entre ativistas, funcionários da Prefeitura de São Roque e representantes do laboratório no dia 17 de outubro, mas foi cancelada porque o Instituto Royal informou que, por uma questão de segurança, não mandaria um representante. Diante da situação, os ativistas registraram um boletim de ocorrência de denúncia de maus-tratos
Na madrugada do dia 18 de outubro, cerca de 100 ativistas quebraram o portão e invadiram o instituto. Com carros particulares, os ativistas retiraram do local 178 beagles e sete coelhos, além de destruir boa parte das pesquisas do laboratório que estavam armazenadas em arquivos do escritório.
Na época, o Instituto Royal afirmou que realizava todos os testes com animais dentro das normas e exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que a retirada dos animais do prédio prejudicava o trabalho que vinha sendo realizado. Segundo o laboratório, que classificou a invasão como ato de terrorismo, a ação dos ativistas vai contra o incentivo a pesquisas no país.
Por fim, um protesto contra o uso de animais em pesquisas, realizado no dia 19 de outubro, na rodovia Raposo Tavares, terminou em confronto quando black blocs se misturaram a ativistas. Três carros, sendo dois da imprensa e um da Polícia Militar, foram queimados, e seis pessoas foram detidas. A tropa de choque da capital teve que ser acionada para combater o tumulto e reabrir a rodovia ao tráfego.
Na madrugada do dia 13 de novembro, depois que o Royal havia encerrado oficialmente suas atividades, outro grupo voltou a invadir o local e, desta vez, levou os ratos de pesquisa que haviam sido deixados lá. Durante a invasão, seguranças foram agredidos e amarrados pelo grupo.
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