ONG acusa WWF de fechar os olhos para abusos contra pigmeus

Pigmeus são vistos em aldeia, em 17 de setembro de 1999, no vilarejo de Kaka

Os pigmeus são vítimas frequentes de "graves abusos" de parte das brigadas que combatem a caça ilegal, "apoiadas e financiadas" pelo ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), no sudeste de Camarões, denunciou nesta segunda-feira uma ONG de defesa dos povos indígenas.
Os pigmeus Baka "são expulsos ilegalmente de suas terras ancestrais em nome da preservação (n.r: ambiental) e a maior parte de seu território é transformada em 'áreas protegidas', das quais áreas de caça desportiva", denunciou a ONG Survival International em um comunicado.
"Ao invés de atacar os poderosos indivíduos que se escondem atrás desta caça ilegal organizada, os guardas florestais e os soldados perseguem os Baka, que praticam uma caça de subsistência", acrescentou a ONG.
"O Ministério camaronês de Florestas e da Fauna, que emprega os guardas florestais, é financiado pelo WWF, que também fornece assistência técnica, logística e material", prosseguiu a organização, afirmando que "o WWF continua a dar a eles seu apoio, ainda que tenha sido provado que as brigadas anti-caça ilegal violaram os direitos dos Baka".
Os Baka, "acusados de caça ilegal correm o risco de detenção, golpes e torturas. Eles mencionam vários mortos entre seus pares em seguida a estas expedições punitivas", acrescentou a Survival International.
A ONG afirma, por outro lado, ter constatado uma degradação do estado de saúde dos Baka e um aumento de doenças, como malária e Aids, relacionado "à perda de seu território e de seus recursos".
"A floresta pertencia aos Baka, mas não é mais assim. Nós andávamos pela floresta ao sabor das estações, mas agora temos medo de fazer isso. Por que eles têm o direito de nos proibir de entrar na floresta? Nós não sabemos viver de outra forma. Eles nos agridem, nos matam e nos obrigam a fugir e nos refugiar no Congo", relatou um Baka, citado no comunicado da Survival International.
Procurado pela AFP, o escritório camaronês da WWF, indicou que uma "investigação independente" foi montada para determinar a veracidade das acusações.
"Nós estamos preocupados porque damos nosso apoio financeiro à luta contra a caça ilegal, mas evidentemente isto não inclui a violação dos direitos humanos", assegurou o diretor de conservação da WWF em Camarões, Rolf Sprung.

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