Protesto só termina com intervenção da PM

Clima hostil marca manifestação no bairro Vila Progresso. Cidade enfrentou outros três manifestos ontem


Carolina Santanacarolina.santana@jcruzeiro.com.br

Um protesto por conta da falta de água fechou a entrada do bairro Vila Progresso até o início da madrugada de hoje, em Itu. A polícia precisou usar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Entre o final da tarde de ontem e início da madrugada desta terça-feira foram registradas manifestações em outros três locais da cidade: avenida Nove de Julho, bairro Padre Bento e na bica Santa Teresinha. De acordo com a Polícia Militar, com exceção da Vila Progresso, todas as outras manifestações foram pacíficas.

A avenida Sete Quedas, principal entrada para a Vila Progresso, foi fechada pelos manifestantes por volta das 18h de ontem. Eles fizeram quatro barricadas pela via em um espaço de um quilômetro, aproximadamente. Galhos de árvore, lixo, pneus e móveis velhos foram incendiados impedindo o acesso dos próprios moradores da redondeza. Moradores daquele e de outros bairros reclamavam a falta de água afirmando que o número de caminhões-pipa enviado pela Prefeitura não é suficiente para atender todos os moradores. Um grupo de manifestantes, que preferiu não se identificar, afirmou que um protesto pacífico foi feito no local durante o final de semana. Segundo eles foi prometido o envio de seis caminhões de água para abastecer o bairro e, ainda de acordo com eles, foram enviados apenas dois carros.

Segundo o ajudante geral André de Jesus Roque, 34, a revolta da população aumentou depois que a torneira de uma caixa de água do campo de futebol do bairro foi retirada. Roque afirma que o campo é municipal e a caixa de água do local estava sendo utilizada para abastecer a população local. "Era a salvação do pessoal. O caminhão-pipa não chega em todas as casas. Ali, pelo menos a pessoa podia pegar uma água para cozinhar e dar banho nas crianças. De um dia para o outro eles tiraram a torneira e todo mundo ficou sem água", lamenta. Outra moradora que não se identificou afirmou que a torneira foi retirada depois que foram registradas algumas brigas por água no local. "Por causa de uns, todo mundo sofre. A água ali não era muita mas quebrava um galho, afirmou". Os manifestantes reclamavam ainda do aumento dos valores das contas de água em outubro.

Para acompanhar o protesto a polícia montou um bloqueio a 200 metros da primeira barricada montada pelos manifestantes. A Força Tática foi chamada por volta das 21h quando os ânimos de um grupo de manifestantes começaram a ficar exaltados. A princípio apenas os veículos estavam sendo impedidos de entrar no bairro, após a chegada dos homens da Força Tática nem os pedestres puderam passar pelo local. Um grupo de mais de 60 moradores teve de esperar até a meia-noite quando houve liberação parcial da via pela polícia. A ação da polícia começou depois que o grupo de manifestantes mais exaltados avançou em direção do bloqueio policial.

Apesar da força policial houve resistência por parte dos manifestantes que revidaram com paus, pedras e fogos de artifício. Até a equipe de reportagem do Cruzeiro do Sul foi hostilizada. A tensão seguiu até as 23h quando os policiais, em formação de choque, dispersaram o grupo, que fugiu para dentro do bairro. Os confrontos seguiram até 23h45 e a entrada dos moradores liberada por volta da meia-noite. Quem teve de esperar para ir para casa revoltou-se com o protesto. Uma balconista de 38 anos chorou ao saber que depois de um dia de trabalho precisaria dormir na casa da irmã, que mora em outro bairro. "Estamos todos na mesma situação, queimar coisas vai deixar a situação ainda mais complicada. Agora meu filho e meu marido estão sozinhos em casa e não sei como estão as coisas lá", lamentou. 

Nos outros pontos os protestos registrados foram pacíficos. Depois de fecharem algumas ruas no bairro Padre Bento, um grupo de aproximadamente 40 pessoas seguiu para a avenida Nove de Julho, ponto de acesso para a Rodovia do Açúcar e fechou a via. A Polícia Militar acompanhou de longe a manifestação e agia apenas quando algum grupo tentava fechar a rodovia, dispersando com bombas de efeito moral. "Estamos há 20 dias sem água. Tem gente lavando roupa no rio, é uma vergonha. Se a situação não for resolvida os protestos vão continuar", prometeu Vanessa de Oliveira, 31. O mesmo foi dito pelo motorista Elizeu Rodrigues, 34. Segundo ele, a população está cansada com o descaso das autoridades e não suporta mais a falta de água que atinge a cidade há meses.
 

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