AO POLÍTICO E AO ARTISTA, APLAUSOS! - Sílvia Mello


No dia em que nos despedimos do prefeito Mário Luiz, lembramos também os 29 anos da passagem do artista plástico são-roquense Darcy Penteado, que faleceu em 3 de dezembro de 1987, aos 61 anos.
Dizem que alguns ciclos se fecham quando outros estão prestes a se abrir.
Sob a chuva, que estiou um pouco na hora da despedida no Cemitério da Paz, o caminho que fizemos para o momento do adeus a Mário Luiz nos fez passar pelo túmulo baixo onde repousou o artista, ao lado dos monumentos da família Campos.
Darcy Penteado de Campos, que teria noventa anos em 2016, era primo de Mário Luiz Campos de Oliveira. Ambos de origem em famílias abastadas e com condições de prepará-los para desempenhar um papel de destaque na sociedade.
De um lado, a família Campos, que os unia em parentesco e digna de menção na história da cidade de São Roque, desde o século dezenove, através da participação política do Tenente Francisco Luiz de Campos e de seu filho Francisco Guilhermino de Campos, o avô de Mário Luiz e Darcy Penteado. Ambos figuras dignas de destaque por sua atuação na Câmara Municipal e nos principais acontecimentos da virada do século. Deles, com certeza, Mário Luiz herdou a vocação para a política. O talento para a arte em Darcy Penteado encontrou eco em sua mãe, carinhosamente chamada de dona Chiquita, que incentivava os dons do filho.
De outro lado, a família Oliveira, proveniente do Sul do país, onde Mário Luiz encontrou, talvez, a sensibilidade para perceber a importância de um político apoiar a Cultura e a Arte. Seu avô, o professor Julio César de Oliveira, foi o fundador do primeiro grupo escolar do Estado de São Paulo, o "Bernardino de Campos", que faz parte da história de São Roque. Gentil de Oliveira, pai de Mário Luiz, destacou-se não somente como profissional e político, mas como músico, regente de uma orquestra. O tio, Epaminondas de Oliveira, além de professor e intelectual engajado, foi regente da Banda Liberdade, sempre lembrado por estar presente na conquista da medalha de ouro pela corporação musical, em São Paulo, em 1909.
Darcy Penteado estava presente no dia 1º de maio, quando com o slogan "A Brasital é Nossa!", o prefeito Mário Luiz entregou à população o prédio da antiga tecelagem, que seria a sede da Cultura da cidade de São Roque. Foi durante a administração Mário Luiz, em 1987, que o acervo Darcy Penteado chegou à Brasital, como herança destinada à cidade.
Em seu testamento, o artista colocava como condições para a doação do acervo, a criação, em dois anos, de uma fundação cultural, e que a obra ficasse exposta à população por pelo menos trinta anos. O que Darcy Penteado não sabia era que a perenidade que imprimiu à sua obra, faria com que perdurasse por mais de trinta anos, a despeito das "intempéries".
Mário Luiz cumpriu o estabelecido em testamento pelo artista: criou a Fundação Enrico Dell' Acqua para que administrasse o acervo Darcy Penteado.
Porém, passaram-se quase trinta anos e a obra de Darcy Penteado foi poucas vezes exposta ao público, como ele desejava e exprimiu em seu testamento. Afinal, o que todo artista quer é que a sua obra seja admirada.
Temos um tesouro em nossas mãos, que nos foi legado por dois homens, um político e um artista. O político se foi e nos deixou de presente um acervo de arte num prédio histórico, hoje tombado. O artista sugeriu o tempo de trinta anos para que se pudesse admirar e desfrutar desse presente. Esse prazo se expira em 2017.
Um novo ciclo começa. Que história poderá ser contada sobre ele? (Sílvia Mello)
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