Folha de S.Paulo
BRASÍLIA -- A presidente Dilma Rousseff se baseou em dados de pesquisas internas de opinião para orientar sua estratégia em relação à crise no Ministério dos Transportes. Ela demonstrou preocupação especial com a reação da classe média às denúncias envolvendo a pasta.
Segundo interlocutores, a decisão de afastar rapidamente os suspeitos de irregularidades no ministério "pegou bem" entre os entrevistados com melhor remuneração --justamente a base que Dilma quer conquistar em seu mandato (leia mais abaixo).
No primeiro dia da crise, a presidente determinou o afastamento de quatro servidores citados em reportagem da revista "Veja" como operadores de um esquema de corrupção no ministério, no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e na Valec, estatal que administra ferrovias.
Quatro dias mais tarde, caía o então ministro Alfredo Nascimento. Aliados protestaram contra o desligamento "apressado" de apadrinhados políticos, alegando ausência de provas. Praticamente todos os suspeitos citados pela imprensa deixaram seus cargos.
A lição de Palocci
Após a experiência "pedagógica" na crise que derrubou Antonio Palocci da Casa Civil, o Planalto decidiu agir rápido nos Transportes para não perder mais pontos com os eleitores da classe média.
Com Palocci, Dilma levou três semanas para sacramentar a demissão de seu auxiliar mais poderoso. A demora custou-lhe perda de apoio nessa camada social.
"Ficou muito claro para a população que ela deveria ter sido mais rápida. Acho que a postura atual, de demorar poucas horas, é um reflexo [da crise anterior]", avalia Mauro Paulino, diretor do instituto de pesquisas Datafolha.
Como houve lentidão para definir o destino de Palocci, Dilma decidiu ter pressa com Alfredo Nascimento e alguns de seus comandados.
Segundo um ministro, "Dilma quer mostrar a todos, mas sobretudo à classe média, que não tem contemplação com desvio ético".
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