Escuridão causa temor próximo ao metrô


MONIQUE ABRANTES
A falta de iluminação nos arredores de algumas estações de metrô tem facilitado a ação de ladrões e causado insegurança nos usuários. O problema foi relatado ao Jornal da Tarde por passageiros de paradas como Santos-Imigrantes (Linha 2-Verde), Tatuapé (Linha 3-Vermelha) e Pinheiros (Linha 4-Amarela).
A advogada Renata Bayer Simões Esteves, de 30 anos, conta que foi perseguida por um homem no dia 21 na saída da Estação Santos-Imigrantes, zona sul. Ela caminhava até o estacionamento do serviço E-Fácil, na Rua Saioá. Segundo Renata, a via é muito escura. “Eram 21h30 e vi que um homem passou a me seguir assim que saí da estação. Corri quando o vi se aproximar. Ele foi atrás de mim até o estacionamento e só parou quando viu o funcionário do local”, lembra.
Após o incidente, Renata procurou os funcionários do Metrô para registrar o caso, além de ter ido à delegacia de polícia prestar queixa. “Depois disso nunca mais utilizei o estacionamento nem o metrô. Prefiro ficar uma hora parada no trânsito do que correr o risco de ser assaltada ou estuprada.” A reportagem constatou que lâmpadas de cinco postes de iluminação estavam apagadas na Avenida Doutor Ricardo Jafet, a poucos metros da Estação Santos-Imigrantes, na segunda-feira.
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Ipiranga, Sérgio Yamada, diz que o ocorrido com Renata não é um caso isolado. Nas reuniões do Conseg, diz ele, sempre há relatos de assaltos na região. Yamada reclama da ineficiência do Departamento de Iluminação Pública (Ilume), órgão ligado à Secretaria Municipal de Serviços. “Ao ver que nada seria feito pela secretaria, abrimos uma ação pública no Ministério Público. Quem sabe assim algo muda”, protesta.
A precariedade na iluminação nas ruas vizinhas à estação já foi notada pelo Metrô. Em nota, a companhia informou que já comunicou o Ilume. Diz ainda que a PM é avisada quando há relatos de crimes.

A insegurança também é sentida pela analista Marina Almendro, de 27 anos. Ela trabalha a quatro quadras da Estação Pinheiros, zona oeste, a última a ser inaugurada na Linha 4-Amarela, e reclama que em diversas vias não há iluminação. “Antes da inauguração, a empresa onde trabalho dava transporte para os empregados por conta do risco de roubos, mas isso acabou.” Agora, os funcionários vão embora em grupos.
Como forma de chamar a atenção do Ilume, Marina criou uma petição pública na internet para pedir a instalação de mais pontos de luz em ruas como a Eugênio de Medeiros, Paes Leme, Butantã, Sumidouro e Capri. A ViaQuatro, concessionária da Linha 4-Amarela, relatou que encaminhou reclamações dos usuários à Prefeitura.
Não é de hoje que o Conseg de Pinheiros pede para o Ilume resolver o problema, segundo Aristides Medeiros, membro do conselho. Ele diz que a presidente do Conseg, Miriam Okamoto, já foi pessoalmente à Secretaria de Serviços pedir providências. “Mas o Ilume não faz nada.”
Próximo à Estação Tatuapé, na zona leste, as pessoas andam pela rua com medo de serem assaltadas, conta a psicopedagoga Mônica Nardy Marzagão Silva, de 44 anos, moradora na Rua Felipe Camarão, uma das vias afetadas pelo “apagão”. “Há mais de dois anos encaminho pedidos de novos pontos de luz para o Ilume”, diz.
“É comum recebermos as reclamações de falta de iluminação nas reuniões”, diz o presidente do Conseg do Tatuapé, Rogério Félix Martins. “O Ilume diz que vai reformular a iluminação de várias ruas, mas nunca sabe quando isso vai acontecer.”
O Ilume afirmou, em nota, que “programou a visita de equipes de manutenção nas três estações” para “verificar a necessidade de intervenções e solucionar possíveis falhas pontuais”. Segundo a Secretaria Municipal de Serviços, os entornos das estações Tatuapé e Pinheiros passam por programas de revitalizações da Prefeitura que preveem mudanças na rede de iluminação.

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