Folha de São Paulo
Mais de 24 horas depois da batida de trensna linha 3-vermelha do Metrô, o governador se São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se pronunciou sobre o acidente. Ele falou em entrevista coletiva na manhã desta quinta, no Instituto do Coração, após solenidade em que anunciou verba de R$ 69 milhões para a instituição.
"Está sendo investigado o problema. Foi um problema técnico de uma placa na ferrovia. Não foi nem no trem, mas no sistema ferroviário. Está sendo checado o que pode ter levado a esse problema. Nossa total solidariedade a quem ficou ferido, às pessoas que passaram por esse acidente."
"Você teve um acidente. Não é uma coisa normal, não foi falha humana, por isso que está sendo verificada qual foi a origem e será corrigido o problema", completou o governador, que negou ainda que o sistema de transporte esteja saturado e afirmou que o usuário pode ficar tranquilo ao usar o metrô.
"Hoje os metrôs mais modernos do mundo operam com sistema, porque ele permite uma aproximação maior. Nós queremos diminuir de cinco minutos para quatro o intervalo de trens na CPTM e de 125 segundos para 85 segundos a diferença entre um trem e outro no caso do Metrô. Você tem muito mais segurança com os sistemas, que é o caso da linha 4", completou o governador.
O acidente ocorreu na manhã de ontem entre as estações Penha e Carrão, na linha 3-vermelha do metrô. As duas composições se chocaram deixando 49 pessoas feridas. Apesar disso, 103 pessoas procuraram unidades de saúde do município e outras três foram socorridas em prontos-socorros do Estado.
Acidente no metrô
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Dois trens bateram na linha 3-vermelha do metrô por volta das 9h50 desta quarta-feira Leia mais
O acidente só não foi maior porque ao se dar conta da iminência de um choque, o maquinista puxou a alavanca do freio de emergência. O trem reduziu dos cerca de 50 km/h em que estava para algo entre 9 km/h e 12 km/h.
Segundo o diretor do sindicato Alex Fernandes, uma hora antes do acidente, um maquinista de outro trem percebeu a mesma falha e avisou o metrô, por volta das 9h. "Nós vamos verificar quem é que apontou uma hora antes e o que foi comunicado", afirmou Alckmin.
GREVE
Em assembleia realizada ontem, os integrantes do Sindicato dos Metroviários decidiram entrar em greve a partir das 0h da próxima quarta-feira (23). A proposta do Metrô de São Paulo, de reajuste salarial de 4,65%, não foi aceita. A categoria exige aumento de 14,99%.
Apesar de a decisão já ter sido votada, uma nova assembleia deve ocorrer na noite da próxima terça-feira (22), para analisar uma eventual contraproposta do Metrô.
Contatada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Metrô disse que a empresa continuará a negociar com os metroviários. Em nota, o Metrô afirmou ainda que "deverá entrar com uma medida cautelar inominada para garantir a prestação de serviços".
Alckmin disse que mantém "diálogo com os sindicatos". "Espero que não tenha greve, porque o governo está em diálogo com os sindicatos de trabalhadores, as entidades. O diálogo é permanente, só faz greve quando não tem diálogo. Greve prejudica a população. Nós mantemos a disposição para o diálogo, mas também não vamos aceitar nenhum tipo de chantagem."
PT
No início da tarde, após o lançamento de medidas de estímulo ao empreendedorismo e à micro e pequena empresa, no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin voltou a ser questionado sobre o Metrô. Repetiu que aguarda o resultado das investigações e o discurso de que o sistema de trens é seguro, mas subiu o tom contra o PT.
Acusou o partido de querer "tirar casquinha" do acidente e de não contribuir com verbas para o trasnporte ferroviário metropolitano. "Não tem um centavo do PT em metrô e trem em SP. Nenhum centavo. Só tem crítica e aleivosias como essa. Pinçam números pontuais para fazer política eleitoral."
O pré-candidato petista à Prefeitura, Fernando Haddad, criticou ontem a gestão tucana nos transportes, e a bancada do partido na Assembleia protocolou requerimento para que o presidente do Metrô, Peter Walker, seja convocado para explicar o acidente.
Alckmin negou que tenha havido diminuição nos investimentos na linha-3.
"Não [houve queda]. Nós aumentamos todos os investimentos. O maior investimento do governo do Estado é metrô e trem. Só no sistema de energização são mais de 300 milhões de reais em novas subestações de rede elétrica. Estamos até parando algumas linhas no domingo para poder ganhar tempo nesse trabalho."
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