Dilma afirma ter sofrido encenação de fuzilamento


Folha de S.Paulo

Belo Horizonte - Num depoimento de 2001, mas só agora divulgado, a presidente Dilma Rousseff relata detalhes sobre sua prisão aos 22 anos, em 1970, ameaças e a tortura a que foi submetida na ditadura militar (1964-1985).
Ela fala em medo, dor, choques, palmatórias e as marcas que ficaram disso tudo. Entre as ameaças, Dilma cita uma encenação de fuzilamento em São Paulo.
Até agora, só se sabia que Dilma tinha sido torturada por militares em São Paulo e no Rio. No depoimento de 2001, contudo, ela conta que também foi torturada em Juiz de Fora (MG), para onde foi levada em janeiro de 1972.
O relato foi feito ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais, num processo para que ela pudesse ser indenizada em R$ 30 mil pelo Estado. Parte do teor foi divulgado no domingo pelos jornais "Correio Braziliense" e "Estado de Minas".
"Em São Paulo, me ameaçaram de fuzilamento e fizeram a encenação. Em Minas eu não lembro, pois os lugares se confundem um pouco", relatou Dilma.
Ela afirmou no depoimento que passou por outras torturas psicológicas.
"Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada, e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um presunto e ninguém vai saber."
No depoimento, Dilma disse que, se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, "ele te bota num pau-de-arara em alguns momentos e depois leva para o choque".
"Uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes também usava palmatória. Usava em mim muita palmatória."
Estresse e solidão
No depoimento, Dilma relatou o estresse pelo qual passou.
"Fiquei presa três anos. O estresse é feroz, inimaginável. Descobri pela primeira vez que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando a minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente o resto da vida", afirmou.

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