Mairinque:Estudo aponta estação ferroviária em situação crítica 


César Santana
cesar.santana@jcruzeiro.com.br
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Um estudo feito por engenheiros e arquiteto do Projeto Oficina Escola de Artes (Poeao) na histórica estação ferroviária de Mairinque aponta a necessidade de intervenções emergenciais imediatas por conta da situação precária do imóvel. O prédio foi construído em 1906 - é a primeira construção de concreto armado do País - e atualmente funciona como um centro de resgate da memória da cidade. Os problemas identificados no estudo, que foi conduzido pela arquiteta Celeide Ramos Silva Lorieri, envolvem desde a pintura das paredes até a existência de rachaduras e caracterizam um verdadeiro estado de abandono. Segundo a Prefeitura de Mairinque, os estudos necessários para o restauro do imóvel estão em fase inicial, porém, ainda não há uma estimativa do custo necessário para a realização dos serviços.

Além das rachaduras, o prédio está repleto de infiltrações nas paredes, teto e calçada. As colunas e estruturas metálicas estão enferrujadas e parte do telhado do imóvel está destruído. As instalações elétricas também estão expostas, proporcionando inclusive perigo de um curto circuito. Segundo Celeide, os problemas que mais preocupam são as infiltrações devido ao risco que proporcionam ao prédio. "É o que realmente está mais complicado, porque compromete a estrutura e é um problema que se agrava a cada dia que passa, ainda mais diante de períodos de chuva, como nas últimas semanas", diz. A arquiteta explica que as condições do imóvel podem ser consideradas boas, mas ainda assim, é necessário um cuidado especial com o patrimônio. "Para quem olha, às vezes dá a impressão que não tem jeito de reparar. Mas tem sim, até porque o prédio em si está em bom estado", revela.

Por se tratar de um imóvel tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), para que a restauração do prédio possa ser feita, devem ser adotados alguns critérios específicos, conforme explica Celeide. "É necessária a elaboração de um projeto executivo que vai para a análise do Condephaat e, somente depois de aprovado tem início o restauro. É um processo burocrático, mas não é impossível", conta. 

No entanto, segundo a arquiteta, o tombamento do imóvel e consequentemente as barreiras impostas para a realização de serviços não foram os únicos motivos a levar o prédio a ficar na situação em que se encontra atualmente. "Antes do tombamento (que ocorreu em 1986) foram feitos alguns reparos, reformas e pinturas perceptíveis no estudo, porém, na gestão passada absolutamente nada foi feito lá", lamenta.

Para Celeide, mais do que parte da história da cidade, o imóvel é importante também na preservação da memória do País. "A cidade começou por causa da estação. Então ela é de extrema importância no resgate da memória do cidadão. Mairinque é uma cidade considerada nova, então existem vários ex-trabalhadores ferroviários nos quais dói muito ver o patrimônio nessa situação", destaca a arquiteta.

Por meio de nota, a Prefeitura de Mairinque informou que a prioridade atual em relação ao prédio é estancar o processo de deterioração na estação ferroviária da cidade. Após a realização dos estudos, atualmente ainda em fase inicial, será estabelecido um cronograma de ações para o espaço. Ainda de acordo com o governo de Mairinque, o estudo apontará o custo necessário para o restauro, mas o Executivo já adianta que como deverá se tratar de um investimento alto para um município deste porte devido ao fato de a estação nunca ter passado por processo de restauração, será fundamental buscar parcerias e a obtenção de verba junto ao setor privado e outras esferas governamentais. (Supervisão: Adalberto Vieira)

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