'Prejuízo é incalculável', diz diretor de laboratório invadido em São Roque

Ativistas invadiram sede do Instituto Royal e levaram todos os cães.

Empresa nega denúncias de maus-tratos.

Elisângela Marques e Geraldo Jr.Do G1 Sorocaba e Jundiaí
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Equipamentos do laboratório foram destruídos (Foto: Elisângela Marques/G1)Equipamentos do laboratório foram destruídos (Foto: Elisângela Marques/G1)
O diretor científico do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henrique, disse na manhã desta sexta-feira (18) que não é possível calcular o prejuízo da empresa após a invasão de ativistas na madrugada. Para ele, o problema maior não foi a libertação dos cães, mas sim, a destruição do material.
"Eles [os ativistas] quebraram toda a parte de laboratório. Misturaram todas as drogas e as lâminas, além de levarem computadores com dados das pesquisas. Vamos levantar hoje o prejuízo material, mas o prejuízo para a ciência é incalculável. Há material que estava na etapa final de um prazo de 10 anos de estudo. Tudo foi perdido", afirma João Antônio.
Um grupo com cerca de 100 ativistas invadiu a sede da empresa por volta da 1h30 e libertou 178 cães da raça beagle que estavam no local, além de coelhos. Os manifestantes acusam o instituto de maltratar os animais.
O diretor científico rebateu a acusação dos ativistas. "Aqui nossos animais não sentem dor. Não é feito nenhum tipo de teste com crueldade. Seguimos todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Inmetro e da Comissão de Ética no Uso de Animais, além de termos a supervisão do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal", diz.

O diretor científico também rebateu a denúncia de que exista um porão onde os animais estariam sendo armazenados após serem sacrificados com métodos cruéis. A empresa autorizou a entrada dos órgãos de imprensa na manhã desta sexta.
Segundo João Antônio, os animais são submetidos a testes com pomadas e medicamentos aplicados por via oral e intravenosa. "Não fazemos tenhum teste invasivo com animais vivos. Na internet circulou informação de que foram encontrados animais decepados, sem olhos, isso não existe aqui."
Os bichos usados no laboratório são criados pelo próprio instituto, segundo João Antônio, que defende o uso de animais na pesquisa científica. "A industria farmacêutica tem que fazer testes em animais, isso é feito no mundo todo. Não é possível desenvolver medicamento para uso do ser humano sem testar em animais antes. Quando recebemos os medicamentos da indústria farmacêutica, eles já foram previamente testados em moléculas. Só depois disso eles são aplicados em cães, ratos e coelhos", explica.
Segundo João Antônio, a lista de empresas farmacêuticas nacionais e internacionais que usam os serviços do Instituto Royal, bem como o nome dos medicamentos testados são confidenciais.
Local onde ficam os ratos não foi invadido (Foto: Elisângela Marques/G1)Local onde ficam os ratos não foi invadido
(Foto: Elisângela Marques/G1)
Rastreamento
O advogado do Instituto Royal, Fernando Karamm, informou que a empresa entrou com uma medida de manutenção de posse do prédio. Quanto aos cães e coelhos que foram levados, o advogado disse que cabe à polícia recuperá-los. Segundo Karamm, todos os animais possuem chips subcutâneos que permite o rastreamento deles.
Uma das ativistas que participou da ação disse que encontrar os cães presos dentro de uma das salas do prédio "foi a coisa mais triste que já viu". Ela levou para seu apartamento na capital paulista dois cachorros do instituto e disse que outros quatro animais que foram resgatados por ela e uma amiga estão sendo tratados em outro lugar, também na capital.
É possível ver, em fotos e vídeos registrados no momento da invasão, que muitos cachorros tremiam e que o local estava todo sujo de fezes dos animais. Para o diretor científico do laboratório, isso foi reflexo do medo que os cachorros sentiram com a invasão do local. "Geralmente apenas três pessoas entram nas baias, uniformizadas e em silêncio. O tumulto acabou aterrorizando os animais."
A gerente geral da empresa, Sílvia Ortiz, registrou boletim de ocorrência contra a invasão da empresa.
MAPA royal (Foto: Editoria de Arte / G1)
Entenda o caso
Dezenas de ativistas invadiram, na madrugada desta sexta-feira (18), o laboratório do instituto Royal, em São Roque, a 59 km de São Paulo, e levaram vários animais do complexo, informaram a Guarda Municipal da cidade e a Polícia Militar (PM) da região. A manifestação foi motivada por suspeitas de maus-tratos aos bichos no local.
Os ativistas afirmaram nas redes sociais que a empresa pretendia sacrificar os animais. Manifestantes disseram que o laboratório tinha mais de 200 animais no local.
A Guarda Municipal da cidade informou que o protesto reuniu 120 pessoas, e que a maior parte invadiu o complexo após quebrar um portão por volta de 2h. A corporação confirmou que muitos ativistas levaram em seus carros os animais do laboratório.
Grupo de ativistas retirou do local os cachorros da raça beagle que são usados em pesquisas (Foto: Divulgação/São Roque Notícias)Grupo de ativistas retirou os cachorros que são usados em pesquisas (Foto: São Roque Notícias)

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