Preso mais um suspeito da morte do menino Bernardo

Evandro Wirganovicz, irmão da assistente social Edelvânia Wirganovicz, é suspeito de ter participado da morte do menino e teve a prisão decretada por 30 dias


Tássia Kastner/Agência Estado e Lucas Azevedo/Especial para o Estado
PORTO ALEGRE - A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu temporariamente em Frederico Westphalen, no norte do Estado, um quarto suspeito de envolvimento na morte de Bernardo Boldrini, de 11 anos. Evandro Wirganovicz, irmão da assistente social Edelvânia Wirganovicz, é suspeito de ter participado da morte do menino e teve a prisão decretada por 30 dias pelo juiz Fernando Vieira dos Santos, da Comarca de Três Passos (RS).
Bernardo ao lado da avó materna, Jussara Uglione - Reprodução
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Bernardo ao lado da avó materna, Jussara Uglione

“Demais disso, deve-se ponderar que o representado teria estado no local antes do assassinato de Bernardo, o que pode indicar, desse modo, a premeditação do fato, a implicá-lo (ao representado), no mínimo, como partícipe por auxílio no crime de homicídio, e não apenas na ocultação do cadáver”, considerou o juiz Fernando Vieira dos Santos.
Evandro é investigado por participação na ocultação do cadáver do menino. Em seu decreto, o juiz avalia que o terreno onde foi encontrado o corpo de Bernardo, morto em 4 de abril, "é de difícil escavação" e que portanto é provável que um homem tenha ajudado. Além disso, segundo Santos, testemunhas apontaram que Evandro Wirganovicz esteve no local do crime um ou dois dias antes.
O pai de Bernardo, Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e Edelvânia, amiga de Graciele, estão em prisão preventiva desde 14 de abril, quando a assistente social admitiu o crime. Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz estão detidas na Penitenciária Feminina de Guaíba, localizada ao lado de Porto Alegre. Já o pai do garoto, o médico Leandro Boldrini, está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas.
Crime. Pelas informações divulgadas pela polícia, Bernardo acompanhou a madrasta em viagem de Três Passos, onde a família mora, a Frederico Westphalen, a 80 quilômetros, no dia 4 de abril. Na cidade vizinha, câmeras de segurança captaram imagens de Graciele embarcando em um automóvel com Edelvânia e Bernardo e das duas voltando sem o garoto. Em depoimento, a assistente social teria confessado participação no crime e indicou o local onde o corpo foi escondido. O corpo do menino foi encontrado enterrado em um saco de plástico em meio a um matagal próximo de um riacho, em Frederico Westphalen, no dia 14.
A morte de Bernardo causou comoção na cidade de Três Passos, de 24 mil habitantes, localizada a 470 quilômetros de Porto Alegre. Antes de o corpo ser encontrado, os moradores se mobilizaram em campanhas pela localização do garoto. Depois, manifestantes foram para a frente da casa da família demonstrar revolta e indignação, ao mesmo tempo em que acendiam velas e depositavam flores e mensagens para Bernardo.
O pai, a madrasta e a assistente social são considerados, pela polícia, suspeitos de envolvimento no assassinato do menino e serão indiciados por homicídio, mas a Polícia Civil ainda não estabeleceu qual foi a responsabilidade de cada um na execução do suposto plano, na omissão de informações e na ocultação do cadáver. Fontes ligadas à investigação confirmam que "há elementos de crime triplamente qualificado", ressalvando, no entanto, que falta definir se essa acusação será feita contra todos ou contra parte dos acusados.
O médico alega inocência e anunciou, por seus advogados, que pedirá separação da madrasta. A enfermeira disse que o garoto morreu por ingestão "acidental" de calmantes que deu a ele e isentou Boldrini de culpa. A defesa sustenta que a assistente social não participou do "evento morte", mas admite que ela ajudou a ocultar o cadáver.
Educado. Professores, vizinhos e colegas descrevem Bernardo como um garoto educado e atencioso, mas também revelam algumas situações de carência afetiva.
No final do ano passado, a pedido do Conselho Tutelar, o Ministério Público Estadual (MPE) tratou do caso e, em fevereiro deste ano, chegou a propor que a avó materna, moradora de Santa Maria, ficasse com a guarda do menino.
A promotora Dinamárcia de Oliveira contou que ele não se queixava de agressões físicas, mas de descaso do pai e da implicância da madrasta e queria morar com outra família. À época, segundo a promotora, o pai propôs uma retomada da relação e o menino concordou.

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