247 - O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirma que, se a presidente Dilma Rousseff conseguir derrotar o impeachment no Senado, ela terá "uma última oportunidade para fazer o que deveria ter feito depois da reeleição, quando foi apoiada, no segundo turno, pela maioria da esquerda e dos movimentos sociais e de direitos humanos".
"Ela deveria romper definitivamente as alianças com os partidos fisiológicos e de direita, com o fundamentalismo evangélico e com as corporações econômicas e governar para aqueles que a elegeram. A única forma que ela terá de recuperar o apoio popular é fazendo aquilo para o qual foi eleita pela maioria. Ela deveria recomeçar seu governo com outra direção, mudando a política econômica, promovendo uma ampla reforma política democrática e chamando a sociedade para apoiar uma agenda de defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais. Se o impeachment não passar no Senado e o governo fizer uma repactuação com a mesma "base" que a traiu para continuar a mesma política que levou a esta situação, daqui a pouco teremos uma nova tentativa de golpe e, dessa vez, não vamos poder fazer nada para impedi-lo", afirma o parlamentar em entrevista ao
Huffpost Brasil.
Caso o golpe passe, ele avalia que "vai ser muito ruim para os trabalhadores, os mais pobres, as mulheres, os negros e negras, LGBTs e todos os setores oprimidos da sociedade". "É só analisar quais são os setores que estão apoiando o golpe para a gente antecipar o que pode vir: a bancada evangélica fundamentalista, a bancada da bala, os grupelhos fascistas, a FIESP, as elites, as corporações econômicas e a quadrilha de deputados envolvidos na Lava Jato, liderados pelo réu Eduardo Cunha, investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e evasão de divisas".
Para Jean, a agenda do grupo pró-impeachment inclui "enterrar a Lava Jato, aprofundar o ajuste fiscal e as medidas anti-trabalhistas, avançar com a agenda conservadora e contrária aos direitos humanos que começou a ser impulsionada na Câmara.
"O que nós faremos será enfrentar essa agenda no parlamento, nas ruas e nas redes, ainda mais forte porque será a agenda de um governo ilegítimo, nascido de um golpe contra a democracia. Não vai ser fácil, mas não vamos nos calar e estaremos unidos com os movimentos sociais para defender os direitos humanos de todos e todas", avisa.
Se Temer assumir o comando do país, o deputado do PSOL defende a realização de novas eleições:
"Não tenho dúvidas de que esse processo foi ilegítimo do início ao fim, pior ainda porque foi conduzido por um gângster, um chantagista que colocou o país à beira do abismo para se proteger da cassação do mandato e da possibilidade de ser preso por corrupção. Uma mulher honesta está sendo tirada do cargo por um réu da justiça, e isso é absurdo. Por isso, eu defendi e defendo que o mandato dela deve ser respeitado, e por isso fui contra a ideia do "recall". Contudo, se ela for impedida pelo Senado e Michel Temer for empossado como novo Presidente sem votos, a gente precisa corrigir essa ilegitimidade, e a única forma de corrigi-la é fazendo novas eleições e que o povo decida".
0 Comentários