Paulo Pimenta: A imagem escancarada do Golpe

07 de dezembro de 2016 às 14h42

viomundo
Moro e Aécio e Temer
A imagem escancarada do Golpe; Diretas Já para estancar a crise
por Paulo Pimenta, via gabinete do deputado
O Brasil amanheceu chocado.
Em meio a uma crise política, econômica e institucional, os principais atores do Golpe apareceram reunidos em uma festa de confraternização de fim de ano, recebendo o prêmio “Brasileiro do Ano”, agraciado pela grande imprensa.
Em clima de intimidade, Michel Temer, presidente ilegítimo que assume o país por meio do golpe, Aécio Neves, candidato do PSDB que não aceitou a derrota na última eleição presidencial, o juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação Lava Jato, que atua permanentemente de forma seletiva para impedir que as investigações comprometam a cúpula do Golpe, dentres outros Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin e João Dória.
Temer é a expressão do acordo político espúrio das oligarquias políticas que tramam o Golpe em busca de proteção e impunidade, Aécio, o mais citado nas delações da Lava Jato e sequer chamado para depor, é a expressão da impunidade das elites, e Sérgio Moro é a expressão da burocracia do Estado comprometida com o golpismo.
Por sua vez, a Revista Isto É, promotora da festa, ou farsa, é a expressão da mídia que constrói a narrativa do Golpe, ignorando a crise institucional do país.
Chama atenção toda essa festa! Comemorar o quê? Premiar os articuladores do Golpe, por quê?
De um lado, o Brasil está convulsionado por uma crise institucional, que se iniciou com a derrubada da Presidenta Dilma, e ontem paralisou o Senado e o Supremo Tribunal Federal.
Como bem disse Dilma Rousseff após a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, a partir daquele momento, o Brasil passaria a ser uma República sem lei.
“Se é possível condenar um presidente da República sem que ele tenha qualquer culpabilidade, o que é possível de ser feito contra um cidadão qualquer, que é aquele que nós todos somos, quando não somos presidente?”, questionou.
Essa é a pergunta que, hoje, todos se fazem, diante de um Supremo Tribunal Federal que se mostrou omisso ao longo do processo de impeachment, ou então quando se coadunou com um juiz de primeira instância que mandou “grampear” ilegalmente a Presidenta da República, e que hoje colhe os frutos de ver uma decisão sua não cumprida pelo Senado Federal por ter, em boa parte, permitido que a Constituição fosse rasgada, a democracia brasileira sequestrada por uma maioria parlamentar de ocasião e as nossas instituições ficassem desmoralizadas.
Por outro lado, o governo Temer prossegue com a implementação de uma agenda que retira direitos da classe trabalhadora e castiga a população de mais baixa renda, que literalmente paga a conta do golpe.
Ontem (6), no mesmo dia em que Temer anunciou um novo pacote de bondades a empresários, com um Refis que perdoará até 90% das dívidas tributárias e previdenciárias do setor empresarial, o governo golpista apresentou uma Reforma na Previdência que é uma afronta aos trabalhadores e trabalhadores do campo e da cidade, que liquida com conquistas previdenciárias de décadas, propondo, entre outras coisas, 49 anos de contribuição para que a pessoa receba aposentadoria integral.
A festa golpista escancara a dissintonia entre o governo de Michel Temer e a vida real das pessoas que são maioria desse país.
O único discurso desse governo ilegítimo é retirar direitos, é entregar patrimônio, o que significa punir as populações mais pobres.
Paralelo a isso, os privilégios são mantidos e ampliados.
Juízes, promotores e militares de altas patentes são preservados das medidas de ajuste, restando aos “de baixo” pagar a conta.
Essa é a mentalidade que retrocede o país em décadas, que ignora a democracia como valor, que rechaça a igualdade de direitos.
Nesse cenário, em que crescem as denúncias de corrupção envolvendo integrantes e aliados do governo, Michel Temer não reúne condições de seguir à frente do Executivo.
Por isso, é preciso pedir sua imediata renúncia e realizar eleições diretas já.
Eleições gerais que permitam não só eleger a Presidência da República, como também, deputados e senadores.
Um parlamento que foi parte do Golpe também não reúne condições para enfrentar a crise política e institucional do país.
Só um novo pacto é capaz de superar a crise, com autoridade para propor parâmetros para o Poder Judiciário, de forma que atue dentro de um Estado Democrático de Direito.
Sem isso, assistiremos ao agravamento da crise com consequências imprevisíveis.
Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal pelo PT-RS.

Postar um comentário

0 Comentários