Mello Franco: Raquel cala a boca de Geddel. Será?

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Bernardo Mello Franco, na Folha de hoje, chama a atenção para um ponto para lá de suspeito no parecer da procuradora-geral Raquel Dodge contra a concessão de prisão domiciliar ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, o homem do apartamento de R$ 51 milhões: é que, ao apontá-lo como “líder de organização criminosa”, pela lei, Dodge fecha a porta para uma eventual delação do há décadas cúmplice de Michel Temer.
Até a posse de Dodge, o Ministério Público via o ex-ministro como integrante do segundo escalão do quadrilhão do PMDB. O novo parecer parece apontar duas mudanças importantes para o futuro da Lava Jato.
Na primeira, a Procuradoria passaria a entender que Geddel não cumpria as ordens de um chefe. Na segunda, ele perderia as condições de fechar uma delação, já que o acordo não pode ser oferecido a quem está no comando da gangue. Nos dois casos, o maior beneficiário do parecer de Dodge seria quem a nomeou.
Sim, parece, mas a nova procuradora também não amarra definitivamente suas mãos, colocando um “parece” antes da definição – algo esdrúxula, visto que Geddel, está claro, atuava dentro da quadrilha que se referenciava no poder de Michel Temer – como chefe da quadrilha:
“Mesmo em crimes de colarinho branco, são cabíveis medidas cautelares penais com a finalidade de acautelar o meio social, notadamente porque a posição assumida por Geddel parece ter sido a de líder da organização criminosa”, escreveu Dodge.
Sem os espetáculos que marcavam as manifestações de Rodrigo Janot, resta alguma esperança – sem ela, podemos viver? – de que Raquel Dodge esteja, ao contrário do que aparenta, abrindo a porta para a possível delação.
Porque, para ter direito a ela, o “banco Geddel” terá de dizer que não era o chefe, mas o arrecadador e fiel depositário  do verdadeiro chefe da organização criminosa.
Cuja identidade não rende nem mesmo um romance de suspense policial.

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