Burzaco se emociona com suicídio e faz novas acusações a grupos de mídia, inclusive à Globo


Globo reitera que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina

 
Em novo depoimento no julgamento de três ex-dirigentes da FIFA - o brasileiro José Maria Marin, o paraguaio Juan Angel Napout e o peruano Manuel Burga - o ex-executivo da Torneos y Competencias, Alejandro Burzaco se emocionou e voltou a citar empresas de mídia em seu depoimento. Ele disse que a TV Globo e a Televisa (do México) se associaram à sua empresa para pagar propina a um dirigente pelos direitos das Copas do Mundo de 2026 e 2030. E detalhou como eram pagos os subornos por competições sul-americanas.
Burzaco teve que interromper o depoimento pois teria se emocionado - segundo um advogado por causa do suicídio de Jorge Alejandro Deljon, ex-funcionário de sua empresa. Quando retornou, foi perguntado pelo promotor Samuel Nitze sobre reuniões que teve durante um encontro do Comitê Executivo da FIFA em 2013.
- O senhor participou de outras reuniões em Zurique?
- Sim. A Torneos y Competencias tinha uma aliança com a TV Globo e com a Televisa. Elas tentavam adquirir direitos de transmissão de TV, rádio e Internet para as Copas de 2026 e 2030. Com exclusividade para o Brasil - no caso da Globo; e para o resto da América Latina, no caso da Televisa.
- Adquiriram esses direitos?
- Sim.
- Qual foi o acordo para adquirir esses direitos?
- Entre os três parceiros concordaram em distribuir 15 milhões de dólares para Julio Grondona
- Quem eram os parceiros da Torneos?
- TV Globo e Televisa.
- O valor acordado foi pago?
- Sim... 15 milhões de dólares. O dinheiro acabou numa conta num banco na Suíça em nome de Julio.
Burzaco não esclareceu como esse dinheiro chegou até a conta. O argentino Grondona era então vice-presidente da FIFA, chefe do comitê de finanças da entidade e presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA).
Alejandro Burzaco na audiência do caso Fifa em Nova York (Foto: Reuters)Alejandro Burzaco na audiência do caso Fifa em Nova York (Foto: Reuters)
Alejandro Burzaco na audiência do caso Fifa em Nova York (Foto: Reuters)
Em outro trecho do depoimento, Burzaco detalhou o mecanismo de pagamento de propinas por direitos de competições sul-americanas. Ele disse que a Torneos se associou à brasileira Traffic para criar a T & T Sports e marketing nas Ilhas Cayman - que passou a fazer pagamento de propinas para os dirigentes de Bolívia, Venezuela, Paraguai, Equador, Colômbia, Peru e Brasil.
A Traffic é do brasileiro J. Hawilla, que fez acordo com a justiça americana no caso pagando uma multa de US$ 151 milhões (equivalente hoje a cerca de R$ 525 milhões) e confessando diversos crimes.
O Grupo Globo divulgou nota sobre o depoimento:
O Grupo Globo reitera o que disse ontem em nota: afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Em suas amplas investigações internas, desde que o Caso Fifa veio a público há mais de dois anos, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.

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