Aliados históricos dos petistas, como PCdoB e PDT,
negociam com o vice-governador do PSB, que assume Bandeirantes
·
Pedro Venceslau e Ricardo
Galhardo, O Estado de S.Paulo
17
Março 2018 | 05h00
O PT já admite a
possibilidade de, pela primeira vez, ir para a disputa pelo governo de São
Paulo sem o apoio de nenhuma outra legenda. O possível isolamento do partido na
disputa estadual é resultado da articulação do vice-governador Márcio França
(PSB) – que vai concorrer à reeleição após assumir o Palácio dos Bandeirantes
no início de abril, quando o governador Geraldo Alckmin deixa o cargo para ser
o candidato tucano à Presidência.
A única esperança dos
petistas é que um acordo nacional com PCdoB e PDT, dois aliados históricos,
culmine em um alinhamento em torno da candidatura de Luiz Marinho. “Gostaríamos
que o PCdoB estivesse conosco, mas fazer o quê? O cenário caminha para o PT
sair sozinho no Estado”, afirmou o ex-deputado Jilmar Tatto, pré-candidato do
PT ao Senado.
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Após apoiar
candidatos petistas em São Paulo nos últimos 29 anos, o PCdoB está próximo de
fechar um acordo com França. Dirigentes do PDT dizem reservadamente que o
partido tem conversas avançadas com o vice-governador. No próximo dia 24, o PT
realiza o encontro estadual que vai definir o candidato a governador e senador.
O ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá ainda tenta a vaga prometida ao
ex-prefeito de São Bernardo do Campo e um dos petistas mais próximos do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em público, petistas
dizem confiar no crescimento da candidatura de Marinho. Eles argumentam que
existe um cansaço do eleitor paulista em relação aos governos do PSDB e que o
petista poderia explorar este sentimento durante a campanha. Em conversas
reservadas, no entanto, a sensação é de desânimo. Com pouco dinheiro, sem
alianças, número reduzido de prefeituras e um forte sentimento antipetista no
Estado, o partido avalia ter poucas chances de vitória.
Muitos petistas ainda
têm na lembrança a derrota histórica que o partido sofreu nas eleições
municipais de 2016, quando caiu de 72 prefeituras (entre elas São Paulo) para
apenas oito (a maior delas Araraquara, com 230 mil habitantes).
Para eles, o resultado
é uma prévia do desempenho que o partido terá nas urnas paulistas este ano.
Alguns chegaram a avaliar que o melhor nome para a disputa seria do ex-prefeito
da capital Fernando Haddad que, apesar de derrotado há dois anos, seria um nome
mais competitivo. Contudo, a tentativa de troca fracassou.
Foco. A ordem no partido é evitar a qualquer custo
hostilidades contra França e focar as críticas em João Doria (PSDB). Petistas
admitem apoiar o vice em um eventual segundo turno como parte de um acordo
nacional com o PSB, a depender do resultado da disputa.
Marinho esteve neste
domingo, 11, com lideranças do PCdoB. Segundo fontes do partido, ele
ofereceu as vagas de vice ou ao Senado, além de uma coligação proporcional, em
troca de apoio, mas saiu da reunião desanimado. De acordo com pessoas próximas,
o petista avalia não ter como oferecer algo mais valioso do que a participação
no governo estadual, principal moeda de França.
“Márcio França nos
convidou para participar do governo e da coligação. Estamos avaliando”, disse o
deputado federal Orlando Silva, presidente do PCdoB-SP. O dirigente ressaltou a
“relação histórica” que existe entre PCdoB, PDT e PSB.
“A candidatura dele (França) é importante porque pode organizar outro quadro
de forças em São Paulo após 24 anos de governo tucano. Quebrar a hegemonia do PSDB
motiva nosso diálogo com Márcio França”, disse o deputado.
Petistas disseram que o presidente do PDT, Carlos
Lupi, teria garantido que poderia lançar candidato próprio em São Paulo.
Pessoas ligadas a Lupi, no entanto, negam o acordo e dizem que o apoio
dependerá da conjuntura nacional.
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