Faltam remédios no CHS



Farmácia de alto custo está há um mês sem atender aos pacientes como manda a lei
Estanislau só tem uma caixa de remédios vazia e um número de telefone para verificar a chegada do medicamento 

Gilson Hanashiro/Agência BOM DIAEstanislau só tem uma caixa de remédios vazia e um número de telefone para verificar a chegada do medicamento
Carla de Campos
Agência BOM DIA
Nesta quinta-feira (04) completa um mês que o aposentado Estanislau Dias Cortez, 64 anos, não consegue receber o medicamento Atorvastatina, de 20 mg,  na farmácia de alto custo. A unidade, de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde, funciona dentro do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba). “Só me deram um telefone para ficar ligando e ver se chega”, diz. “Eles falam que a Secretaria mandou comprar mas não tem qualquer data”, complementa.
O medicamento é indicado para o controle do colesterol e da triglicérides. O aposentado faz uso do remédio há um ano e diz que nunca houve falha na entrega. São dois comprimidos por dia e, na farmácia convencional, a caixa com 30 unidades chega a R$ 200. “É muito caro para comprar. Não temos condições e é direito nosso receber o medicamento de graça.”
O aposentado João Alves, 65, está nas mesmas condições de Estanislau. “Fui lá na farmácia no dia 14 de julho e me disseram que não tinha ainda”, conta. “Acho que isso é um grande descaso com a gente. Além disso, é muito difícil conseguir falar lá. Você liga umas dez vezes e ninguém atende o telefone”, reclama, mostrando a guia de solicitação de medicamentos.
João também utiliza Atorvastatina para controlar o colesterol, só que de 10 mg. Na farmácia, custa R$ 42, bem mais barato do que o de 20 mg.
Desde outubro do ano passado ele recebe a medicação da farmácia de alto custo. Para os dois pacientes, a recente descoberta de fraudes e corrupção dentro do CHS pode ter relação com a falta de medicamentos. “Acho que pode ter alguma coisa a ver, porque deve ter faltando dinheiro para comprar”, aposta João.
Problema pontual /A falta de medicamentos na farmácia de alto custo, informa a Secretaria de Estado da Saúde, é uma falha pontual. A falta de Atorvastatina foi provocada pelo excesso de demanda, mas deverá ser suprida nos próximos dias.
A Secretaria já está providenciando nova compra de medicamentos para remeter a Sorocaba. Enquanto isso, a informação é de que haverá um remanejamento do produto que está disponível em outras unidades do Estado, regularizando a entrega.
A farmácia de alto custo existe para dar suporte aos pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) fornecendo, de graça,  medicamentos para o tratamento de doenças crônicas. A proposta é democratizar o acesso para quem deseja cuidar da saúde.
Câmara concede prazo ao interventor do CHS
Os vereadores decidiram nesta terça-feira (02) conceder um prazo de 48 horas para que o interventor do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba), Luís Cláudio de Azevedo  Silva, explique o que está sendo feito na unidade. Essa é a terceira  tentativa para que ele compareça à Câmara  e tire as dúvidas dos parlamentares.
Segundo o presidente do Legislativo, Marinho Marte,  o convite será feito diretamente ao secretário do Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri. “Não podemos ficar assim sem nenhuma informação”, afirma Marinho.
Na opinião do vereador Irineu Toledo (PRB), o interventor deveria ter vergonha e aparecer logo para dar explicações.
A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo também aprovou a  proposta de convite ao interventor do CHS para que ele preste esclarecimentos sobre os problemas de funcionamento do CHS. O pedido foi apresentado pelo deputado estadual Hamilton Pereira (PT).
No requerimento  é citado o caso de um paciente internado em  26 de julho para uma cirurgia, mas na porta do centro cirúrgico foi informado de que não havia material para a intervenção.
Caso o interventor recuse o convite, a Comissão de Saúde deverá convocá-lo.

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