Adotar cães pegos no Instituto Royal é crime de receptação, diz delegado

"Pessoas ficam comovidas e não se dão conta desse risco", explica.

Instituto ainda estuda possível processo por danos morais e materiais.

Fernando CesarottiDo G1 Sorocaba e Jundiaí
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Páginas em redes sociais estão oferecendo para adoção cães da raça beagle que teriam sido retirados do Instituto Royal na madrugada desta sexta-feira (18), em São Roque (SP), durante a invasão de ativistas ao laboratório. Pode ser considerado um ato nobre e de boa vontade e amor aos animais, mas também é crime de receptação, segundo o delegado seccional de Sorocaba(SP), Marcelo Carriel. E quem resolver adotar algum dos animais incorre no mesmo crime.
Página já tinha mais de 180 mil 'curtidas' por volta das 16h20 (Foto: Reprodução)Página ganhou milhares de 'curtidas' nas primeiras
horas de criação (Foto: Reprodução)
Durante a madrugada desta sexta-feira, após a invasão e a retirada dos beagles do laboratório, um internauta criou uma página no Facebook para ajudar a doar os cães. Apesar da comoção, Carriel alerta que esses animais são produtos de furto.
“É receptação de objeto furtado. Não precisa ser venda para caracterizar o crime, pode ser doação também. As pessoas ficam comovidas com a situação e não se dão conta de que podem ser processadas, já que o instituto provavelmente vai tentar reaver os cães”, explicou o delegado. O crime de receptação está no artigo 180 do Código Penal: “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”, diz o texto. A pena prevista é de 1 a 4 anos de prisão.
O Instituto Royal lavrou um boletim de ocorrência relatando o furto qualificado de cães da raça beagle e equipamentos eletrônicos. O advogado da empresa, Fernando Karamm, informou que, no momento, o laboratório vai acompanhar as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público e aguardar para ver se os cães serão recuperados.

O clima na frente do instituto, na tarde desta sexta-feira, é tranquilo. Ainda há alguns manifestantes, os portões estão fechados e ninguém está autorizado a atender à imprensa.
Ainda não há decisão sobre um possível processo por danos morais ou materiais contra os invasores. “Estamos preocupados com outras questões e ainda não tivemos tempo de avaliar. Por enquanto, o que podemos dizer e que vamos colaborar com as investigações.” A diretoria do Royal, Silvia Ortiz, estava em reunião num local que não podia ser revelado, segundo sua secretária, e não atendeu aos telefonemas da reportagem.
Entenda o caso
Dezenas de ativistas derrubaram um portão e invadiram, por volta das 2h, o laboratório do Instituto Royal. Eles levaram em carros próprios dezenas de animais que estavam no complexo, segundo a Guarda Municipal da cidade e a Polícia Militar, motivados pelas suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos no local.
A manifestação de ativistas contra o laboratório começou no sábado (12), quando alguns manifestantes se acorrentaram em frente ao portão. Nesta quinta-feira (17), carros e caminhões chegaram ao instituto e começaram a circular boatos de que a empresa pretendia sacrificar os cães. O burbúrio nas redes sociais cresceu, assim como o número de ativistas presentes, até que a invasão começasse.
Após o tumulto, as duas partes foram à delegacia e registraram boletins de ocorrência - os ativistas por crime ambiental e maus-tratos, e o instituto por furto. A empresa admite testes com animais, mas nega maus-tratos e diz que segue todas as normas governamentais sobre o assunto.
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Cerca de 180 cães foram libertados pelos ativistas (Foto: Divulgação/São Roque Notícias)Quem receber um dos beagles levados da empresa pode responder por crime de receptação, diz delegado (Foto: Divulgação/São Roque Notícias)

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