Sindsep
12 de Novembro de 2024
Três dias após Luiz Zamarco apresentar à população o programa de "requalificação", o teto do corredor que leva a enfermarias do centro cirúrgico desabou
Por Cecília Figueiredo, do Sindsep
No final de outubro (31), o secretário municipal de Saúde Luiz Carlos Zamarco esteve com a coordenadora regional de saúde Norte, Ana Cristina Kantzos, conselheiros gestores do Hospital Municipal José Soares Hungria, o Hospital Pirituba, lideranças locais do movimento de saúde para enaltecer as “obras” da unidade e apresentar o programa de reestruturação e qualificação da rede hospitalar e de atenção hospitalizada na cidade de São Paulo. O programa é parte do Avança Saúde II e somente para a reforma do HM Pirituba está previsto um investimento de R$ 47 milhões, em obras que, segundo ele, tiveram início em maio de 2024 e seguirão por 5 anos, incluindo a UPA Pirituba e o AE Pirituba. Mas, a realidade é bem diferente.
Secretário posa ao lado de diretoras e coordenadora de Saúde Norte, Ana Kantzos
De acordo com Fabiano Oliveira, coordenador de Região Noroeste do Sindsep, as obras estão em andamento há mais de um ano e em dois desses ambientes reformados já houve problemas. No domingo (3/11), três dias depois da visita do secretário, o corredor recém-reformado que dá acesso a enfermarias do centro cirúrgico e UTI ficou inundado pelo desabamento de parte do teto. Em janeiro deste ano um outro desabamento já havia ocorrido com parte do teto do setor de pediatria, interditando 6 dos 14 leitos.
Teto em uma das alas do hospital já "reformada" desabou em 3/11
O HM Pirituba é o hospital que foi transformado em referência no tratamento de casos de covid, depois de ter levado servidores a trabalharem doentes e um óbito inclusive [Maria Santos, auxiliar de enfermagem, em 11/04/2020] pela falta de EPIs e protocolo da atual administração, desde então não atende mais à demanda espontânea.
Governo fecha maternidade e faz deboche
“Passado o período mais crítico da pandemia, o hospital foi mantido de portas fechadas -- serviço que só recebe remoções de pacientes de outro hospital, conforme o sistema regulador CROSS. Não atende à demanda espontânea e deixou de receber gestantes. A maternidade de baixa complexidade é um serviço que a região precisa e passada a pandemia esse serviço não foi mais reativado”, explicou Fabiano.
Durante a reunião em 31 de outubro, Zamarco confirmou que a maternidade não será mais reaberta. “Preciso de mais leitos de UTI, mais salas cirúrgicas, mais enfermarias para internar as pessoas que têm mais complicações à medida que a idade vai avançando. Aqui na região, esse hospital fazia 40 partos por mês. Se eu tiver que fazer 40 partos é mais fácil eu alugar motorista particular, um carro de luxo, buscar paciente em casa e levar ao [Hospital Albert] Einstein e pagar [o parto] particular. Sai mais barato do que manter equipe para fazer 40 partos. Os partos vão ficar no [Hospital Municipal] Cachoeirinha, que tem vagas, assim como no Storopolli [HM Vermelhinho] e no São Luiz Gonzaga”, respondeu o secretário à indagação de munícipe.
Imagem da apresentação do secretário de saúde
Privatização avança
Fabiano suspeita que o plano de requalificação de hospitais e atendimento especializados batizado de "Avança saúde II" é a forma encontrada para entrega do hospital à iniciativa privada. "É a brecha para a entrega do hospital à parceria público-privada (PPP) que em tese não precisa de empresas com expertise na saúde, qualquer empresa pode assumir e realizar subcontratação de profissionais. Embora alguns setores do hospital já estejam terceirizados, o HM Pirituba é da administração direta e ao comentar as reformas previstas no plano de requalificação menciou que está prevista uma PPP”, alerta.
Segundo ele, não apenas a população vem perdendo serviços, mas também os servidores que estão adoecidos pela sobrecarga de trabalho e falta de reposição de RH, apesar de um concurso público vigente até abril de 2025.
Fachada do Hospital Municipal Pirituba | Imagem: Reprodução Internet
“As condições de trabalho são essas, trabalhadores tendo que parar o atendimento para puxar água em setores que já passaram por reformas do ‘Avança Saúde II’, sem contar a demissão em massa de profissionais contratados pela organização social Cejam, sem reposição posterior, quando temos mais de 8 mil aprovados em concurso à espera de chamada”.
O dirigente disse que o Sindsep irá levar os problemas do Hospital Municipal de Pirituba ao Conselho Municipal de Saúde e também para a Mesa de Negociação da SMS.
Assista ao vídeo
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