Diretores da entidade dizem que falta de espaço impede ampliação do serviço
Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br
O atendimento no pronto-socorro municipal prestado pela Santa Casa é considerado crítico pela própria instituição. Os responsáveis por esse serviço assumiram ontem que macas lotam ambos os lados dos corredores e que já ocorreu de paciente ser submetido a atendimento dentro de ambulância, já que a mesma tinha equipamentos o suficiente, enquanto no interior do pronto-socorro estava faltando espaço até para deixar as macas. Foi o que reconheceram na tarde de ontem na Câmara Municipal o provedor da Santa Casa, José Antonio Fasiaben, e o diretor do pronto-socorro da instituição, Milton Palma, durante os questionamentos feitos por vereadores na primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a situação da Saúde em Sorocaba. O diretor do pronto-socorro disse que a situação chegou a um ponto em que repassar mais dinheiro à Santa Casa nada resolverá se deixar de haver ampliação do espaço. A entidade alega não ter recursos para promover a ampliação.
Nas quatro horas em que ambos prestaram esclarecimentos durante a tarde de ontem foi revelado que os repasses extras mensais de R$ 505 mil que começaram a ser feitos pela Prefeitura em março deste ano acumulam cerca de R$ 4 milhões, no entanto a Santa Casa recebeu cerca de R$ 300 mil, ou seja, deixou de receber aproximadamente R$ 3,7 milhões por suposta falta de comprovação dos gastos ao município. "Nós conseguimos sim provar, mas tem a prática burocrática em que dependemos dos médicos", defendeu o provedor Fasiaben. Ele declarou que a entidade precisa desse dinheiro com urgência e que toda a documentação para recebê-lo foi enviada para a Secretaria Municipal da Saúde na semana passada. "Acredito que o mais breve possível eles vão nos pagar".
O vereador presidente da CPI, Izídio de Brito (PT) disse ter obtido informações que a Santa Casa sofre para receber o repasse porque há médicos trabalhando como pessoas jurídicas e empresas que prestam serviços tanto para o pronto-socorro como para o Hospital e os mesmos teriam emitido uma única nota pelos serviços prestados em ambos os setores, enquanto a prestação de contas com a Prefeitura é restrita ao pronto-socorro. "Se tinha R$ 4 milhões à disposição e só utilizou R$ 300 mil, ficaram R$ 3,7 milhões à disposição por um entrave contábil. A imagem da Santa Casa e da Prefeitura, que faz o repasse, está indo para o buraco", declarou o vereador Izídio.
Vários vereadores, como Marinho Marte (PPS) e Izídio disseram que a Prefeitura tem que intervir no pronto-socorro. Milton Palma afirmou que se a intervenção for feita, terá que ser tanto no pronto-socorro como no hospital, já que a condição para existir um pronto-socorro é funcionar em um hospital, condição que o diferencia de uma unidade pré-hospitalar ou pronto-atendimento. O vereador Caldini Crespo (DEM) sugeriu que a Santa Casa rompa o contrato e deixe a Prefeitura assumir a obrigação do pronto-socorro, já que a mesma ainda não cumpriu o item do contrato que previa a ampliação do pronto-socorro da Santa Casa. Crespo disse que Lippi assinou e não cumpriu e que não crê que Pannunzio investirá na ampliação do imóvel na Santa Casa se trabalha para inaugurar um hospital na zona norte, porém, enfatizou que esse hospital vai demorar para ficar pronto.
O provedor Fasiaben disse que já pediu o agendamento da Secretaria Municipal da Saúde de uma reunião para discutir o término do contrato em vigor, que vence no próximo dia 4, ou seja, em menos de um mês. Disse que o contrato hoje é para atender a população com 27 leitos de pronto-socorro em observação e 48 para internações, no entanto, o atendimento está sendo de no mínimo duas vezes esse número. "Recebemos para atender 78 e atendemos 150. Como eu pago essa diferença? Com os recursos da Santa Casa", declarou. Afirmou que hoje a instituição tem uma dívida de R$ 25 milhões em empréstimos tomados na Caixa Econômica Federal e agora busca recursos no BNDES.
Sobre os valores ideais para um possível próximo contrato com a Prefeitura, declarou que depende do que a Prefeitura vai querer em atendimento, mas alertou que não existe mais espaço físico. "Não tenho condições de aumentar (número de atendimentos) se falta espaço para tal", declarou. Fasiaben é favorável que a Prefeitura contrate outros hospitais na cidade para também prestarem o serviço de pronto-socorro, a fim de garantir melhor atendimento na Santa Casa.
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