Racha político faz prefeita perder aliados


Amilton Lourenço
amilton.lourenco@jcruzeiro.com.br 


Divergências internas provocaram um racha entre a prefeita de Araçoiaba da Serra, Mara Melo (PT) e o grupo político que a apoiou durante o processo eleitoral em 2012. A separação resultou na saída de secretários e diretores do governo municipal, como José Carlos de Quevedo Júnior (PSD), que deixa a Secretaria de Governo, Jair Ferreira Duarte Neto (PMDB), que ocupava o cargo de procurador jurídico, e de José Gomes Arrojo (PDT) e Edgard Richard Martins (PSB), ambos diretores de departamentos. O vice-prefeito Ricardinho Munhoz (PSL) mantém o cargo eletivo, mas segundo Jair Neto, também apoia o rompimento político com a atual prefeita. 

Falta de participação no governo, denúncias internas de irregularidades, inclusive manutenção de contratos sem licitação e desconfiança em relação à saúde financeira do município, foram os motivos da divisão política, explica Jair Neto, mais conhecido como Jaiquinho. 

"As divergências ocorrem desde o início da administração. Ela (a prefeita) optou por contratar como secretários apenas pessoas que não são de Araçoiaba, ignorando completamente as alianças. Depois tivemos denúncias de irregularidades na contratação de empresa contratada para prestar serviços no setor de saúde, e excesso de formalização de contratos sem licitação", justifica Jair Neto, que na última segunda-feira pediu uso da tribuna livre da Câmara Municipal para apresentar os motivos do racha político. 

No entanto, o que realmente culminou no rompimento da base aliada do governo, explica Jaiquinho, são as suspeitas de que as finanças da prefeitura estariam comprometidas. 

"Ela (a prefeita) cortou as gratificações de funcionários comissionados e efetivados, prejudicando mais de 200 pessoas. Temos informações de que haverá dificuldades para o pagamento da folha de pagamento até o final do ano. Tanto é verdade que dois projetos de suplementação de verba para essa finalidade já foram encaminhados para a Câmara, mas os vereadores não aprovaram os pedidos", aponta o ex-procurador jurídico da prefeitura. 

O outro lado 

Na tarde de ontem, Mara Melo não estava no Paço Municipal. O chefe de Gabinete, Jonatas Rosa, tentou minimizar a crise política, informando que a prefeita não pediu cargo para nenhum dos ex-aliados. "Foi uma decisão do grupo, uma opção política. Eles foram importantes no processo eleitoral, mas as divergências impediram que eles continuassem", afirmou. "Desde que a prefeita assumiu, ela vem promovendo ajustes. E algumas medidas nem sempre agradam a todos", explicou. 

No início da noite, ao retornar de viagem, a prefeita Mara Melo, entrou em contato com o Cruzeiro do Sul e foi bem mais enfática ao detalhar os motivos do rompimento político. "Formamos um governo com a junção de forças. Porém, com o passar do tempo, fui obrigada a tomar medidas impopulares que acabaram não agradando pessoas que estavam acostumadas "ao velho método de se fazer política em Araçoiaba". Não cedi às pressões e eles acabaram abandonando o barco", disparou a prefeita. 

Mara Melo admite ter cortado gratificações de funcionários, mas salienta que a medida foi tomada justamente para proteger a "saúde financeira" da prefeitura. "Este ano houve redução de repasses federais e estaduais e precisei cortar gastos ao invés de recorrer a empréstimos como eles chegaram a sugerir. Não acatei a sugestão para não comprometer o orçamento do ano que vem", revelou a prefeita, que também justificou o envio de projetos de suplementação de verba para a Câmara: "Fiz os pedidos justamente para não comprometer o pagamento dos funcionários até o final do ano. Mas como os vereadores não aprovaram, vou promover a suplementação por meio de decreto, já que tenho autonomia para remanejar até 12% do orçamento municipal e o valor solicitado é apenas de 4%", afirmou Mara Melo.

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