Movimentos se articulam para lançar nomes em 2018
por meio de ‘legendas guarda-chuva’
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Gilberto Amendola e Ricardo Galhardo,
O Estado de S.Paulo
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Setembro 2017 | 18h50
Os movimentos que
surgiram no caldeirão da Lava Jato e no esfarelamento dos partidos políticos
têm como principal bandeira a possibilidade de participar das eleições com
candidaturas independentes, sem a necessidade de abrigo em qualquer “legenda
guarda-chuva”. Mas, enquanto não há previsão legal das chamadas “candidaturas
avulsas”, esses grupos procuraram manter sua independência programática dentro
de siglas “amigas”. Rede e PSOL já estão com as portas abertas.
A bancada ativista promove conversas cara a cara
com eleitores. Foto: Fábio Vieira/Fotorua-25/8/2016
Os movimentos chamam
a estratégia de “candidaturas cívicas”, ou legendas democráticas. A Rede prevê
este tipo de iniciativa em estatuto, desde sua criação e recentemente aprovou
um texto que incentiva a ideia. Nos últimos meses, a ex-ministra Marina Silva
tem se reunido pessoalmente com alguns grupos para atrair candidatos.
“Esta sempre foi
desde a criação uma das razões de ser da Rede”, disse o coordenador da legenda,
Bazileu Margarido.
Bancadas. O PSOL
também se prepara para receber este tipo de candidatura. O objetivo primeiro é
engrossar as bancadas da sigla, mas, além disso, o PSOL espera sair na frente
de outros partidos de esquerda, como o PT, na disputa por atrair as novas
formas de organização política. “Hoje o lugar mais confortável para esse tipo
de experiência é o PSOL”, disse o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano
Medeiros.
Grupos. O Brasil 21,
por exemplo, planeja lançar 36 candidatos - dos quais mais da metade será
mulheres. O movimento deve se espalhar pela Rede e PSOL. “Não ouve oxigenação
no cenário político desde 1988. Por isso, é necessário mudar os mecanismos de
escolha dos candidatos”, disse o porta-voz do 21, Pedro Henrique de Cristo.
Já o Acredito planeja
lançar candidatos em pelo menos oito Estados. Os nomes que irão representar o
movimento serão definidos em um processo de prévias. “A ideia é que a gente
esteja em mais de um partido - tendo a nossa plataforma como ponto de
convergência”, disse Zé Frederico, coordenador nacional.
Com uma linha de
atuação política definida, o Agora! pretende lançar 30 candidatos “viáveis” e
ocupar cargos técnicos ou de confiança na máquina pública. “A ideia de
‘partidos’ é antiga. As legendas de esquerda precisam de uma reconexão com a
sociedade”, disse o cientista político e coordenador do Agora!, Leandro
Machado.
Grupos como a Bancada
Ativista e Muit@s já tiveram experiências vitoriosas em 2016. Em São Paulo, a
Bancada conseguiu eleger a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL). “Os partidos
políticos precisam no geral se oxigenar e se abrir para experiências
independente para acompanharem a necessária renovação política”, disse Sâmia.
Em Belo Horizonte, o Muit@s fez a vereadora mais votada, Áurea Carolina (PSOL):
“A lógica tradicional dos partidos está obsoleta, eles não têm mais capacidade
de movimentação e construção coletiva”.
Com uma proposta de
atuação diferente, a Frente Favela Brasil passou a recolher assinaturas para se
formalizar como partido político. O grupo ainda não sabe se vai procurar as
legendas tradicionais para lançar candidatos identificados com a frente.
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