Míriam Leitão diz que Bolsonaro põe em risco a governabilidade


A jornalista Míriam Leitão escreve em sua coluna no jornal O Globo que a incapacidade política de Bolsonaro e a sucessão de conflitos detonada por ele de forma intempestiva e estabanada compromete a governabilidade
(Foto: Aquiles Lins)
247 - "A crise de vários megatons que explodiu no PSL é a prova mais clara da incapacidade política do presidente Jair Bolsonaro", escreve Míriam Leitão. 
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"A sucessão de conflitos foi detonada pelo próprio presidente de forma intempestiva e estabanada. E foi ele que a agravou. Todos os ingredientes seguem seu padrão de comportamento: palavras impensadas, falta de diálogo, privilégio para os filhos. O partido com o qual ele poderia começar a construir a governabilidade está implodindo", pontua.
A jornalista registra a insatisfação de correligionários com o desdém de Bolsonaro, que não os ouve: "no áudio vazado da reunião do PSL, o que fica claro, em meio aos inúmeros palavrões, é que muitos têm a mesma queixa: o presidente não os ouve, não dialoga, não demonstra que eles fazem parte da estrutura de poder".
Míriam Leirão desmistifica o mantra do discurso de Bolsonaro: "Ele jamais foi a nova política, se é que a categoria existe. Quem passou por oito partidos e ficou mais de uma década no PP de Paulo Maluf não representa renovação. Ele inventou essa fantasia porque cabia na demanda do eleitorado de 2018. Para continuar dentro do figurino criado para a ocasião, Jair Bolsonaro disse que não negociaria a formação de alianças, porque não repetiria os erros do passado. A explicação era inverossímil. Seu governo enfraqueceu órgãos de controle do combate à corrupção. O desmonte do Coaf foi apenas um exemplo. O nepotismo o levou a querer o filho na embaixada nos Estados Unidos, pretensão da qual teve que desistir. Ele não construiu uma coalizão porque tem temperamento autoritário. Só telefona para deputados do seu próprio partido quando é para perseguir alguém, como foi dito na reunião da bancada com outras palavras. Ouve apenas os filhos e alguns áulicos".
O texto finaliza atribuindo a Bolsonaro a responsabilidade pela crise política: "Até hoje, a maioria das crises do governo foi criada pelo próprio governo. O presidente ataca as forças políticas, ofende as instituições, frita ministros, descarta aliados e atira contra seu próprio partido. Segue à risca o manual do isolamento".

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