DE SÃO PAULO
Uma investigação que aponta fraudes no
sistema estadual da saúde já resultou em prisões, vai
obrigar médicos a bater ponto eletrônico,
derrubou o médico e secretário estadual de Esporte, Jorge Pagura, e o
coordenador da Secretaria da Saúde Ricardo Tardelli.
Coordenador de Saúde pede demissão após denúncias
Procuradoria Geral deve investigar secretário de Alckmin
Outros 50 médicos suspeitos são investigados, segundo o Ministério Público. De acordo com a promotora Maria Aparecida Castanho, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Sorocaba, os médicos são suspeitos de receber por plantões que jamais trabalharam. Ao invés de darem plantão em Sorocaba, os profissionais trabalhavam em outros hospitais, inclusive na capital paulista.
Conversas telefônicas e um vídeo exibidos domingo (19) pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, mostram diálogos entre alguns dos médicos supostamente envolvidos na fraude.
Em uma das gravações, a dentista Tânia Maris Paiva conversa com Maria Helena Alberici: "Como você nunca foi ao hospital sua cara não deveria aparecer lá em momento nenhum", diz.
Outro trecho das gravações mostra Antônio Carlos Nasi, ex-diretor de Saúde da região de Sorocaba, em conversa com Heitor Consani, outro suspeito: "Uma das coisas que talvez fosse interessante era pensar na devolução do dinheiro. Isso a gente chama de uma defesa prévia. Uma vez eu fui indiciado. Procurei o promotor, fiz o cálculos e fiz a devolução do dinheiros. Saí como bom moço da história, né?"
Uma outra gravação mostra diálogo entre o médico Ricardo Salim e Jorge Roberto Pagura, agora ex-secretário estadual de Esporte. Ele pediu demissão do cargo após a divulgação do esquema de fraude. Na época da gravação, Pagura ainda não era secretário e atuava como neurocirurgião. "Não vamos deixar pintar na boca de alguma coisa", diz Pagura. Salim responde: "Exato. De repente vem um cara e cutuca o que não deve".
Um vídeo exibido pelo programa mostra ainda a ex-chefe de recursos humanos do hospital de Sorocaba, Marcia Regina Ramos, falando sobre a frequência de Pagura no hospital. Ela diz que a frequência do ex-secretário já vinha pronta.
Dos 12 presos em operação realizada no último dia 16, 4 já foram soltos. Os médicos Kléber Castilho e Antonio Carlos Nasi foram liberados, porque, segundo a Promotoria, esclareceram as dúvidas sobre suas participações nas fraudes. Marcia Regina Leite Ramos também colaborou e foi liberada, e Heitor Consani, atual diretor do conjunto hospitalar, conseguiu habeas corpus na Justiça.
Os médicos são suspeitos de receber cerca de R$ 15 mil por mês sem trabalhar. O desvio, em três anos, chega a R$ 1,8 milhão, conforme a investigação.
O pedido de demissão de Pagura foi aceito pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no domingo. Assessores afirmam que Pagura não está envolvido no escândalo, mas pôs o cargo à disposição para "dar tranquilidade" ao governador.
Ricardo Tardelli, coordenador de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo, pediu demissão nesta segunda-feira. A Secretaria Estadual de Saúde informou que o coordenador nega ter conhecimento no esquema de fraude em plantões nos hospitais estaduais.
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