FABIANO NUNES
CAMILLA HADDAD
CAMILLA HADDAD
A Lapa, na zona oeste de São Paulo, é o bairro com mais registros de roubo e furto de carro nos primeiros cinco meses do ano, segundo as estatísticas mensais da Secretaria Estadual de Segurança Pública. O problema não é recente. Desde o início do ano a região lidera o número de ocorrências, mas agora disparou. Até o fim de maio foram 905 casos – média de 6 por dia –, 20% a mais do que o segundo colocado, Perdizes, também zona oeste, e 57% a mais que o décimo colocado no ranking.
Segundo o delegado Rubens Eduardo Barazal Teixeira, titular do 7º DP (Lapa), o fator econômico e a concentração de faculdades, hospitais e condomínios de alto padrão explicam porque a área é o alvo deste tipo de crime. A delegacia abrange os bairros da Lapa, Vila Romana, Vila Ipojuca e alguns trechos da Pompeia. Há na região avenidas como Marques de São Vicente e Pompeia, mas a maior concentração de casos ocorre em uma via de cerca de 1,5 quilômetro, a Rua Barão do Bananal, onde foram registrados 29 casos de janeiro a maio deste ano.
“Esse tipo de crime é um problema que atinge a macrorregião entre Pinheiros, Perdizes e Lapa. Há um crescimento de prédios residenciais, e muitos moradores tem mais de um carro. Como as vagas nas garagens são limitadas, muitos veículos ficam na rua. Isso facilita os ataques”, explicou o delegado. Ele ressalta que a maioria dos casos é de furto, quando a subtração é feita sem ato de violência. Entre janeiro e maio foram 693 furtos (77% dos casos) e 212 roubos (23%). De janeiro a maio, a cidade teve 33.006 crimes desse tipo.
O comerciante Joaquim Braga, de 48 anos, está entre as vítimas de roubo. Ele foi atacado, no início do mês, quando descarregava as compras que fez para seu bar, na esquina das ruas Barão do Bananal e Padre Chico. “Eram 6h, quando dois homens chegaram armados e levaram o carro. Agora só descarrego num horário de maior movimento”, disse. O carro, um Siena preto ano 2009, não foi localizado.
O capitão da 1ª Companhia do 4º Batalhão, Marlon Luiz de Souza da Silva, afirmou que a maioria dos ataques acontece próximo ao Centro Universitário São Camilo, ao Sesc Pompeia e ao estádio do Palmeiras. “Aqui também é uma região estratégica para fugas. Está próxima das marginais”, explicou. Segundo o capitão, a Polícia Militar reforçou a patrulha nos viadutos que dão acesso ao bairro. “Intensificamos bloqueios e abordagens preventivas. A meta é diminuir os casos em até 10% nos próximos meses.”
Segundo o delegado do 7º DP, os carros roubados na região seguem para desmanches clandestinos na capital ou são clonados. “Os carros clonados vão para outros Estados e até para o Paraguai. No último mês prendemos cinco ladrões e os casos vão diminuir.” Ele disse que a intenção da Polícia Civil é desmantelar quadrilhas que agem na área. “Não adianta prender só o cara que rouba. É preciso ir atrás também do receptador, de quem adultera o carro, quem faz a documentação clonada”, disse o delegado.
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