PEDRO SOARES
DO RIO
DO RIO
A produção da indústria brasileira
cresceu 1,3% em maio na comparação livre de influência sazonais com abril. O
resultado representa uma aceleração frente ao desempenho de abril, quando o
setor havia registrado queda de 1,2%. Os dados foram divulgados nesta
sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o resultado, a indústria voltou a
operar em patamar recorde de produção --0,1 ponto percentual acima do nível de
março deste ano, recorde anterior.
Em relação a maio de 2010, houve alta
de 2,7%. Já no acumulado do ano, a indústria soma alta de 1,8%. Nos últimos 12
meses, o índice ficou positivo em 4,5%.
Segundo o IBGE, as categorias com
melhores desempenhos foram as de bens duráveis (2,7%), intermediários (1,5%) e
bens de capital (1,7%) na comparação de maio com abril. A categoria com pior
desemprenho foi a de semi e não duráveis, que ficou estável.
Já os setores com as altas mais
expressivas foram o de indústria de alimento (3,9%), produtos de metal (12,8%)
e veículos (3,5%). Por outro lado, as quedas de destaque ficaram com o setor
farmacêutico (-12,1%), metalurgia (-1,9%) e bebidas (-2,2%).
ACOMODAÇÃO
Apesar da recuperação em maio, a
indústria se manteve em acomodação e sente ainda os reflexos das medidas do
governo para frear a economia, afirmou André Macedo, economista do IBGE.
Para o técnico, o resultado de maio
mostra a indústria "num patamar mais elevado de produção", mas não
altera a tendência de "acomodação do setor" --provocado por juros
mais altos e medidas de restrição de crédito impostas pelo governo.
Macedo disse que a análise do dado
acumulado em 12 meses mostra a tendência de desaceleração do ritmo de
crescimento da indústria. Até abril, o índice somava uma alta de 5,4%. Nos
últimos 12 meses encerrados em maio, a taxa cedeu para 4,5%.
"A indústria continua em patamar
positivo, mas há uma clara redução do ritmo de crescimento."
O IBGE revisou ainda o resultado de
abril, que originalmente havia apresentado retração maior: 2,1%. A
"perda" de 0,9 ponto percentual --o dado foi revisto para -1,2%-- se
deveu à inclusão do resultado de maio e ao fato de o Carnaval ter ocorrido em
meses diferentes em 2010 e 2011 --o que não foi capitado pelo modelo de
ajustamento sazonal, capaz de reduzir os efeitos típicos de cada período.
Segundo Macedo, isso mexeu com as
comparações dos meses seguintes também e determinou a revisão do resultado de
abril.
Apesar de o técnico enxergar nos dados
de maio uma continuidade do processo de desaceleração da indústria, foram
justamente os ramos diretamente ligados ao crédito e ao consumo das famílias
que tiveram melhor desempenho em maio --num sinal de que a economia ainda se
mantém aquecida.
A categoria de bens duráveis (veículos,
eletrodomésticos e móveis) liderou com expansão de 2,7% de abril para maio.
Para Macedo, porém, trata-se de uma retomada após o fraco desempenho de abril,
quando houve queda de 10%.
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