Pacientes formalizam denúncias ao MP


 Jornal Cruzeiro do Sul


Giuliano Bonamim giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br 
O Hospital Doutor Francisco Ribeiro Arantes, mais conhecido como Pirapitingui, é alvo de denúncias de pacientes e moradores da instituição de saúde situada em Itu. Um documento com uma lista de pedidos e acusações será entregue hoje, às 15h, na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Sorocaba. O objetivo é apresentar ao Ministério Público problemas como a abertura das correspondências dos pacientes feitas sem autorização pela gerência social do hospital. "Também queremos saber o valor e o destino das verbas disponibilizadas pelo governo estadual, além do projeto da reforma dos pavilhões e do cemitério", diz Emanuel Rodrigues, líder da comissão. 

Aproximadamente dez pessoas, entre pacientes e moradores do hospital, serão recebidas pela promotora de Justiça Maria Aparecida Castanho. Rodrigues comenta que, no documento, consta também a solicitação de uma visita às dependências do Hospital Pirapitingui. O encontro seria feito com as presenças de representantes do Ministério Público, da diretoria da instituição de saúde e dos pacientes. 

O Pirapitingui teve o seu auge na década de 60 ao comportar aproximadamente 4 mil portadores de hanseníase ao mesmo tempo. Atualmente, somente 261 pacientes vivem na área de dez alqueires (242 mil metros quadrados) situada no bairro Cidade Nova, em Itu. A queda na quantidade de moradores do único estabelecimento de saúde asilar para hansenianos do Estado de São Paulo se deve ao fim da obrigatoriedade da internação compulsória e à evolução do tratamento da doença. 

Entre os 261 pacientes, 184 vivem em residências com quarto, sala, cozinha e banheiro, construídas na década de 30 para abrigar os hansenianos dentro do Pirapitingui. Os demais 74 internos são considerados doentes crônicos, mantidos nas enfermarias, e os outros três estão em fase de avaliação médica para identificar o grau da doença. Segundo o diretor técnico substituto do Pirapitingui, Celso Aparecido Fattori Júnior, existem 303 residências no interior do terreno do hospital. Além das 184 usadas pelos pacientes, 67 estão abandonadas, 46 são usadas por familiares dos internos e seis são invadidas. 

Atualmente, o Pirapitingui mais parece um bairro de Itu. No local existe um centro de saúde para a comunidade - construído pelo governo municipal - além de bares, mercearias e até igrejas de diversas religiões. As ruas são iluminadas, o sistema de coleta de lixo funciona, mas o mato é visível em praticamente todos os quarteirões. Mesmo com essas características, a direção do Pirapitingui mantém uma barreira na portaria para evitar a entrada imediata dos automóveis. O visitante precisa se identificar, seja para visitar familiares ou se consultar nos postos de saúde. De acordo com o Fattori Júnior, o controle também objetiva a diminuição de ocorrências de furtos e roubos no local.

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