Dividido, CS dá última chance para plano Annan


Conselho de Segurança da ONU concorda apenas em apoiar negociação para Síria


Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo
NOVA YORK - Apesar da crescente fragilidade do plano de paz para a Síria, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu ontem seguir adiante no único ponto no qual há consenso entre seus membros e reforçou o apoio à missão de seu emissário, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
Kofi Annan antes de reunião com chanceler da Jordânia em Amã - Khalil Mazraawi/AFP
Khalil Mazraawi/AFP
Kofi Annan antes de reunião com chanceler da Jordânia em Amã
A decisão foi tomada depois que Jean-Marie Guehenno, número 2 de Annan na mediação da crise síria, deu um depoimento por teleconferência para os 15 países integrantes conselho. Na avaliação dele, segundo oEstado apurou, o ditador Bashar Assad não deve cumprir os seis pontos do plano, mas, mesmo assim, vale uma última tentativa de evitar a guerra civil.
Os EUA e seus aliados europeus também estão céticos em relação à manutenção do plano de Annan, mas não têm alternativa a não ser aceitá-lo diante da impossibilidade de convencer a Rússia e a China a tomar passos mais firmes.
Diplomatas de países do conselho indicaram que mais observadores devem ser enviados à Síria. O trabalho deles tem sido elogiado, mas o número de monitores é visto como insuficiente para fiscalizar todo o país.
Na terça-feira, o presidente da França, François Hollande, disse que não está descartada a possibilidade de se adotar uma resolução que determine uma intervenção militar na Síria. Os EUA, porém, evitam endurecer o discurso e ontem o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, também disse que "não vê razão para especular sobre alternativas militares".
Moscou e Pequim já deixaram claro que vetarão qualquer iniciativa como a sugerida pelo presidente francês. Para a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, há três cenários possíveis na Síria.
"Primeiro, seria o governo sírio cooperar com o plano de Annan. Mas isso dificilmente ocorrerá. O segundo seria impor medidas adicionais, incluindo sanções. Caso nenhum desses dois cenários funcionem, teremos o terceiro, que parece ser o mais provável. Nele, a violência aumentará, o conflito se espalhará e intensificará, envolvendo países da região. Cada vez mais terá caráter sectário, sendo uma crise não apenas na Síria, mas em toda a região", disse Rice.

Postar um comentário

0 Comentários