Grupo apura origem dos bens de Hussain Aref Saab, responsável na prefeitura por liberação de imóveis
Ex-servidor, que nega as irregularidades, é
investigado por 4 áreas do Ministério Público, corregedoria e polícia
ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
O grupo especial do Ministério Público de São Paulo
que investiga lavagem de dinheiro abriu inquérito para apurar a origem dos bens
do ex-diretor da prefeitura paulistana Hussain Aref Saab.
Agora, são quatro áreas da Promotoria investigando
a explosão de seu patrimônio -Gaeco (crime organizado), Gedec (lavagem de
dinheiro), Patrimônio Público e Urbanismo.
Aref também é investigado pela Corregedoria-Geral
do Município -a pedido do prefeito Gilberto Kassab (PSD)- e pela Polícia Civil.
Ele pediu demissão no mês passado.
Conforme o "TV Folha" revelou no domingo,
mesmo com renda declarada de R$ 20 mil, o servidor adquiriu 106 imóveis,
estimados em cerca de R$ 50 milhões, enquanto esteve à frente do setor
responsável em liberação de imóveis.
A Promotoria utilizará na investigação os casos
revelados pelaFolha de suposta ligação entre imóveis
adquiridos pelo servidor e aprovação de processos de responsabilidade do setor
ligado a Aref.
Um dos casos que mais chamam a atenção foi revelado
ontem: a SB4, empresa de Aref, recebeu seis apartamentos num prédio com vista
para o parque Ibirapuera como pagamento por "prestação de serviços de
assessoria empresarial". O contrato é de 2006, mas a SB4 só foi criada em
2008.
Logo após o negócio, empresas do grupo contratante
(que inclui Servcenter, WTC e Servlease) conseguiram aprovação de alvarás.
A defesa do ex-diretor diz que todos os bens dele
estão declarados aos órgãos competentes e as compras ocorreram de forma lícita.
O próprio servidor, porém, demonstrou dificuldades
em explicar a origem.
Em depoimento à Corregedoria, por exemplo, ele não
soube explicar o tamanho o seu patrimônio. Usou a expressão de que estava
"meio nebuloso hoje".
No Gaeco, ele chegou a dizer que os imóveis que
aparecem numa lista do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)
poderiam ter sido colocados acidentalmente.
Disse que tem "aproximadamente 60 imóveis, dos
quais aproximadamente 26 itens são decorrentes de herança do pai". A Folha localizou 118, três de herança.
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