Centrais sindicais apresentam propostas de enfrentamento à crise criada por Trump
Rio de Janeiro, 6 de agosto de 2025 - Preocupadas com o agravamento da guerra comercial desencadeada pelas tarifas impostas unilateralmente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as centrais sindicais de trabalhadores apresentaram ao governo brasileiro propostas para o enfrentamento da crise, baseadas na preservação da soberania, emprego e produção nacionais.
“O tarifaço de Trump é uma chantagem política que coloca em xeque a democracia norte-americana, visando, com ingerência externa, interferir na soberania brasileira. É inaceitável”, afirmou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Segundo o documento, a crise gerada pelos EUA “atinge o Brasil de forma direta e indireta, pressionando setores industriais estratégicos, intensificando a desindustrialização, desorganizando cadeias produtivas e ameaçando milhares de postos de trabalho. Diante desse cenário, é necessário buscar alternativas, construir novos caminhos e abrir outras possibilidades”.
Entre as propostas apresentadas, está o fortalecimento de um projeto de desenvolvimento com inclusão e justiça social, estruturado na geração e proteção de empregos, no combate à precarização do trabalho e no fortalecimento da capacidade de consumo das famílias por meio da valorização da renda do trabalho. Para as centrais sindicais, isso exige uma resposta firme, responsável e coordenada, que amplie a cooperação internacional e fortaleça a capacidade interna de produzir e consumir.
O documento apoia integralmente a postura adotada pelo governo Lula em defesa da soberania do país, bem como os posicionamentos do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Entre as propostas, destacam-se:
Proteção do Emprego e da Renda
1 - Recriar o Programa de Proteção do Emprego, com fundos de compensação e programas de transição para trabalhadores afetados por impactos negativos do comércio internacional.
2 - Investir em qualificação e requalificação profissional.
3 - Fortalecer a organização sindical para garantir a negociação coletiva sempre que houver mudanças estruturais nos setores atingidos pela concorrência externa.
4 - Estabelecer cláusulas de proteção ao emprego nos acordos coletivos.
5 - Criar espaços permanentes de concertação entre governo, trabalhadores e empresários.
6 - Incluir a representação dos trabalhadores nas novas instâncias de formulação das políticas industrial, cambial, comercial e tecnológica.
7 - Avançar na implementação do plano nacional de transição ecológica, garantindo que a descarbonização da economia seja feita com justiça social e geração de empregos verdes e azuis.
8 - Garantir que novas cadeias ambientalmente sustentáveis sejam internalizadas, gerando produção e trabalho local, e não apenas exportação de recursos naturais.
9 - Estabelecer estratégias e metas para buscar novos mercados e estabelecer novas cooperações econômicas.
Defesa da Produção Nacional
1 - Estimular a produção nacional por meio das compras públicas e da política de conteúdo local.
2 - Fortalecer o BNDES e os bancos públicos como indutores do investimento produtivo.
3 - Apoiar o investimento público em infraestrutura social e produtiva (transporte, energia, habitação, saúde, educação) com encadeamentos na indústria nacional.
4 - Adotar medidas antidumping e salvaguardas comerciais em setores e cadeias produtivas ameaçados.
5 - Aumentar investimentos em inovação, sustentabilidade e encadeamento produtivo interno.
6 - Rever a Lei de Patentes, combatendo abusos de propriedade intelectual que impedem a produção nacional.
7 - Fortalecer a transferência de tecnologia e o investimento público em pesquisa e desenvolvimento (P&D), com articulação entre universidades, centros tecnológicos e setor produtivo.
8 - Buscar oportunidades de reposicionamento do Brasil em cadeias produtivas estratégicas no novo contexto internacional.
9 - Fortalecer o Mercosul e a cooperação Sul-Sul.
10 - Revisão imediata da lista de exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul, com critérios técnicos e industriais, de forma compatível com a promoção da reindustrialização nacional.
Para acessar o documento na íntegra, clique aqui.

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