CAMILLA HADDAD
Desde o início da Operação Delegada na capital, em dezembro de 2009, o número de policiais militares mortos em horários de folga caiu 78%, segundo dados da corporação. Nos primeiros quatro meses daquele ano, quando projeto ainda não existia, 23 soldados morreram fora de serviço. Já neste ano, em igual período, foram registrados cinco óbitos.
A PM atribui essa queda à operação, que é uma parceria com a Prefeitura, em que praças (soldados, cabos e sargentos) e oficiais (capitães e tenentes) trabalham nos dias livres para o governo municipal no combate ao comércio irregular nas ruas. Só PMs de ficha limpa participam.
“Historicamente, a quantidade de PMs mortos no horário de folga sempre foi muito maior do que em serviço”, explica o capitão Emerson Massera, porta voz da corporação. Segundo ele, a PM analisou os casos e percebeu que a grande maioria das mortes ocorria nos bicos, geralmente de segurança privada. “Nessa situação o policial está mais exposto, sem equipamento de proteção, sem comunicação e sem apoio operacional”, diz. Na Operação Delegada, o policial pode utilizar a estrutura da PM o que, de acordo com Massera, o deixa mais seguro.
Ainda segundo Massera, com o possível aumento no salário pago pela operação (projeto que foi enviado à
Câmara Municipal), o interesse dos policiais poderá aumentar e com isso o bico poderá diminuir.
Câmara Municipal), o interesse dos policiais poderá aumentar e com isso o bico poderá diminuir.
“É uma solução em que todos ganham. A Prefeitura melhora sua capacidade de fiscalização e controle da desordem urbana, o Estado ganha pela redução dos crimes; o policial ganha pela melhoria da sua qualidade de vida e, principalmente, o cidadão, por poder fazer compras em locais mais seguros e protegidos”, avalia o coronel Álvaro Batista Camilo, comandante geral da Polícia Militar.
Já a Associação dos Subtenentes e Sargentos defende que o policial militar tenha um salário justo e “digno”. “A Delegada (operação) veio para oficializar uma atividade extra que o policial já realizava para completar os seus vencimentos. Os problemas criados pelas longas jornadas de trabalho continuam, ou seja, um dia na corporação e outro na operação. O quadro permanece inalterado”, reclama Angelo Criscuolo, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM do Estado de São Paulo.
Segundo Criscuolo, o cansaço físico e o estresse ainda existem e com isso acarretam todas as demais consequências. “Se o salário do policial fosse suficiente, ele teria tempo para cuidar da sua saúde e da família. Um salário justo significa dignidade e a entidade vai continuar lutando para que o Estado pague melhor seus policiais”, afirma.
Dados da PM mostram que, nos quatro primeiros meses de 2009, foram contabilizadas mortes de 23 policiais de folga. Em igual período de 2010 foram 13 casos e neste ano, de janeiro até abril, o número chegou a cinco. Associação de Cabos e Soldados do Estado de São Paulo foi procurada, mas até o fechamento da edição não indicou um integrante para falar sobre os números. A Prefeitura não quis comentar os dados.
Segundo o comando da PM, nas áreas onde existe a operação, os roubos em geral diminuíram 59%. Os furtos caíram 20% e houve diminuição de 29% no furto de veículos.
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