14/09/2011

ONG de fachada: promotor diz que não existe lei que possa autuar sobre erros morais ou éticos


O BOM DIA apurou que ONG não passa de uma associação privada de fachada, criada para fins políticos
 
Rodrigo Rainho
Agência BOM DIA
O promotor Orlando Bastos, representante do Ministério Público em Sorocaba, anunciou nesta terça-feira (13) que decidiu não apurar o comportamento dos vereadores e a ONG de fachada Instituto Ação da Cidadania Brasil, dada como utilidade pública pela Câmara Municipal em primeira discussão. O BOM DIA apurou que a ONG não passa de uma associação privada de fachada, criada para fins políticos, que teria no cargo de secretária administrativa a arquiteta Simone Machado da Silveira Fróes Fialho, mulher do lobista Júlio Fróes, morador de Sorocaba que foi o pivô da queda do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. O estatuto da ONG foi criada só em 9 de maio.
A Câmara concedeu a utilidade pública à ONG fantasma quase três meses depois - em 2 de agosto. Quando viu que a “associada” estava metida em um escândalo nacional, publicado pela revista Veja, o vereador desistiu do IACB e pediu o arquivamento do projeto de lei em 18 de agosto. “Logo que vi a Simone envolvida nas denúncias de corrupção, publicadas pela revista Veja, arquivei o projeto”, afirmou ele, na época. “Declarar uma organização de utilidade pública é comum aqui na Câmara. Os vereadores fazem isso todo dia”.
Pizza/ Nesta terça-feira (13), o promotor Orlando Bastos afirmou que decidiu não abrir investigação por um único motivo: “não há objeto de crime”, segundo ele. “Preciso ter um resultado, a consumação do crime. O vereador Hélio Godoy pediu o arquivamento do projeto que daria utilidade pública à ONG. Não chegou a praticar um crime”, diz o promotor. Sobre o suposto desvio de ética de Godoy, que criou a ONG, e de seus colegas parlamentares, que concederam a utilidade pública à uma ONG de fachada, Bastos foi taxativo: “preciso de um fato. Sem a aprovação em segunda discussão, não houve fato”. 
O promotor público citou um dispositivo do código penal, o “arrependimento eficaz”. Hélio Godoy teria se arrependido de ter criado o projeto para dar utilidade pública à IACB quando viu que Simone Fróes é casada com um suposto lobista. “Há casos de abandono do delito antes do crime. O delito não é consumado. Portanto, não há crime”.


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