Correio do Brasil
Apesar da repercussão que movimentos claramente dirigidos contra o governo, como o Não Vai Ter Copa, a campanha midiática de pessimismo na economia e a ação da mídia conservadora sobre a questão energética, os números divulgados na pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em parceria com o instituto MDA, confirmam o favoritismo da presidenta Dilma Rousseff (PT) nas próximas eleições. O levantamento divulgado nesta terça-feira, com entrevistas realizadas entre os dias 9 e 14 de fevereiro, com 2 mil eleitores, aponta que Dilma venceria os seus adversários, no primeiro turno, em todos os cenários pesquisados.
Na disputa contra o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), Dilma alcança 43,7% das intenções de voto, contra 17% do tucano e 9,9% do candidato socialista. A oposição tem melhor desempenho quando a ex-senadora Marina Silva é a candidata do PSB, mas sem alteração significativa no quadro geral: nesse cenário, Dilma tem 40,7% das intenções de voto, contra 20,6% de Marina e 15,1% de Aécio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o senador Clésio Andrade, um dos realizadores da pesquisa, que falou ao Correio do Brasil nesta manhã, a diminuição da popularidade da presidenta foi mínima, mas deixa uma ponta de dúvida quanto ao futuro:
– Parte considerável das pessoas entrevistadas creem ser desnecessário o investimento na Copa do Mundo da Fifa, num total de 75,8%. Mas isso não influiu nas intenções de voto na presidenta porque a queda de avaliação não tem uma relação automática com a queda na intenção de votos – afirmou.
O resultado demonstra variação dentro da margem de erro em relação à pesquisa anterior, divulgada em novembro de 2013. À época, Dilma tinha 43,5% das intenções de votos no primeiro turno; Aécio, 19,3%, e Campos, 9,5%. A sondagem ocorreu logo após a filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB e não a projetou como candidata.
Avaliação do governo
A avaliação positiva do governo de Dilma oscilou para baixo no levantamento da CNT/MDA. Hoje, 36,4% dos brasileiros se dizem satisfeitos com o governo, contra 39% em novembro do ano passado. Já a avaliação negativa passou de 22,7% para 24,8%, enquanto a avaliação regular oscilou de 37,7% para 37,9%.
O levantamento foi realizado após a repressão judicial e policial aos rolezinhos em diversos estados, e durante protestos de rua organizados contra a realização da Copa do Mundo e do investimento do governo nas obras relativas ao evento, também reprimidos com força pelas polícias militares de São Paulo e Rio de Janeiro.
Diferente dos protestos do ano passado, no entanto, os conflitos entre manifestantes e agentes do poder público nas ruas ainda não impactou a popularidade de governantes da mesma forma que em 2013, quando a avaliação do governo Dilma caiu 27 pontos em um mês, enquanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu 14 pontos percentuais de aprovação. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 12/2014.
Melhora significativa
Dilma sempre manteve uma elevada aprovação desde sua posse, mas sua avaliação pessoal desabou no ano passado, por conta da onda de protestos sociais que sacudiram o Brasil em junho, embora meses depois e após dar resposta a algumas das reivindicações, recuperou parte de sua popularidade. Com relação à gestão de seu governo, Dilma conta com um apoio popular maior que tinham tanto seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, como Fernando Henrique Cardoso no último de seus primeiro quatro anos de mandato, no qual ambos foram reeleitos.
Enquanto 41% dos brasileiros consideram “excelente” ou “bom” o governo de Dilma, em uma pesquisa realizada pela Datafolha em final de 2013, essa porcentagem era apenas de 28% para Lula em dezembro de 2005 segundo a mesma empresa e de 37% para FHC em dezembro de 1997. Mesmo antes de lançar sua candidatura, como ocorreu na semana passada, as pesquisas até agora apontam que a chefe de Estado contaria com intenções de voto que lhe permitiriam ser reeleita, sem a necessidade de disputar um segundo turno.
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