247 - A presidente Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira (2), no Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, do ato "Mulheres Pela Democracia", que reuniu mais de 20 mil pessoas. Ela fez um longo discurso no qual defendeu o protagonismo feminino e também voltou a atacar o governo interino de Michel Temer.
"Eu sei que sou um grande incômodo, porque eles olhavam e diziam o seguinte: como eu sou mulher, eles acham que a mulher é frágil. Se a gente fosse frágil a gente não criava filho. Se a gente fosse frágil, a gente não tinha segurava trabalhar e cuidar das crianças. Se a gente fosse frágil, mesmo com preconceito, não conseguiríamos um trabalho decente, não conseguiríamos nos formar nas faculdades. Se a gente fosse tão frágil, eu não seria a primeira mulher presidenta", disse.
"No início, eles queriam que eu renunciasse, para tirar o incômodo que é a minha presença, eu não cometi nenhum crime de corrupção, eu não desviei dinheiro público, não tenho conta na Suíça. Então era melhor eu renunciar. Porque não teria o constrangimento de condenar uma pessoa inocente. Mas nós, mulheres, temos uma imensa capacidade de resistir. Todas as mulheres anônimas deste país resistem no dia a dia, de cabeça erguida tocam o bonde. A minha vida inteira eu lutei. Eu lutei contra ditadura neste país. Eu sei o que é dor, eu fui torturada. Eu sei o que é a imensa tragédia da dor física. Eu sei o que é lutar contra a doença. Agora eu tenho a honra de lutar pela democracia neste momento. Eu tenho que lutar e zelar pela dignidade da mulher brasileira. Nós não somos covardes. Nós mulheres somos corajosas" complementou.
"É fundamental para que este país não tenha um deficit de civilização que as mulheres sejam respeitadas por serem mulheres", ressaltou. "Este país precisa valorizar a diferença. É a diferença a nossa maior riqueza cultural e humana. Este ato hoje, aqui no Rio, coloca nas mãos das mulheres o processo político de apoio à democracia, contra o retrocesso, contra a política neoliberal, contra a revisão do pré-sal. Nós podemos sair com a alma lavada, porque fizemos um exercício de cidadania e democracia. Aqui estamos nós mulheres empenhadas na luta pela defesa não só da democracia, mas também dos direitos sociais e políticos e de um país mais livre e que respeite as mulheres. Temos que estar juntas para resistir este golpe", afirmou.
"Nós vamos resistir, resistir e resistir", avisou.
Abaixo outros trechos do discurso:
"O que está sendo plantado por este governo provisório não foi aprovado pela população. Como eles não têm voto para aprovar suas propostas, eles estão recorrendo a este chamado de impeachment. Nós sabemos que ele é golpe. E aí as coisas vão ficando claras. Nós não gravamos ninguém. O que fica claro é que eles têm que tirar o meu governo para impedir que o combate à corrupção chegue a eles"
"Este impeachment é um golpe absoluto, mas os golpistas detestam ser chamados de golpistas"
"Nós, mulheres, temos que resistir, quando um governo não é capaz de, no seu primeiro escalão, colocar uma representação da maioria da população deste país. Não digo só mulheres. Digo os negros, que são uma parte expressiva da nossa população. Um governo de homens velhos, ricos e brancos não representa a diversidade da sociedade brasileira"
"De uma coisa que tenho orgulho é de ter assegurado a todas as manifestações políticas a extrema liberdade de expressão"
"Não é um capricho querer que nós sejamos representadas no primeiro escalão do governo. A representação política da mulher não pode ter retrocesso. Não pode ter segregação de babás, não pode ter estupro coletivo."
"A questão que nos une aqui é a questão da democracia. A democracia foi conquistada com muita luta, resistindo. Foi por causa da democracia que nós conquistamos muitos direitos. É por causa da democracia que temos visão crítica que ainda falta muito a ser conquistado",
"É inaceitável que a mulher escolhida para ser a secretária das Mulheres, ela se coloque contra o aborto em caso de estupro, como está previsto em lei. É muito grave"
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