03/06/2016

Haddad diz que aprovação da DRU é 'golpe sério na educação'


 - Atualizado: 03 Junho 2016 | 17h 42

O prefeito de São Paulo disse, durante a cerimônia de posse da vice-prefeita Nádia Campeão como secretária municipal da Educação, nesta sexta-feira, 3, que vai fazer articulação política para barrar a PEC

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta sexta-feira, 3, que a proposta de Desvinculação de Receitas da União (DRU) aprovada nesta semana na Câmara dos Deputados é um "golpe muito sério" na educação. Haddad afirmou que vai fazer uma articulação entre PDT, PCdoB, PT e PR para tentar barrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que será votada em segundo turno antes de ser enviada ao Senado. As críticas foram feitas durante cerimônia de posse da vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB) como secretária municipal da Educação.
A DRU é um mecanismo que dá liberdade ao governo federal no uso das receitas obtidas por tributos federais vinculados por lei a fundos ou despesas. Na prática, permite à União aplicar os recursos destinados por lei a áreas como educação e saúde. A PEC aprovada na Câmara amplia, por exemplo de 20% para 30% o porcentual que poderá ser remanejado. 
"Vamos fazer chegar ao Congresso Nacional um alerta sobre o que isso pode acarretar para a educação". Segundo Haddad, a vinculação de recursos para educação foi garantida pela Constituição de 1988, depois desvinculada para receitas da União no governo Fernando Henrique Cardoso e, posteriormente, revinculada no governo Lula. 
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo
O prefeito defendeu a ampliação do debate, como a realização de audiência pública. "É uma decisão muito séria para ser tomada sem, no mínimo, um amplo debate e consentimento da população. Certamente se for chamada uma audiência pública para discutir esse assunto isso não seria aprovado por ninguém. Ninguém em sã consciência vai desejar que o corte se dê onde mais se precisa investir", afirmou.
"O que está em jogo agora é uma coisa mais séria porque a emenda constitucional prevê que não apenas essa desvinculação será de 30% e não de 20%, como abrangerá as unidades subnacionais, estados e municípios". A PEC aprovada na Câmara prevê a criação de uma espécie de DRU para Estados e municípios - chamadas de DRE e DRM, respectivamente. Haddad disse que na capital paulista não vai aderir a DRU.
Prazos. A proposta aprovada prorrogou a DRU até 31 de dezembro de 2023, estabelecendo que a autorização para remanejar o Orçamento da União será retroativa a 1º de janeiro deste ano. A retroatividade foi alvo de questionamentos de parlamentares, que a consideraram inconstitucional. Eles tentaram tirar a possibilidade de a desvinculação retroagir, mas não conseguiram aprovar emenda nesse sentido. A última autorização para a DRU venceu em 31 de dezembro de 2015.
Até pouco antes do início da votação do parecer na comissão especial, o prazo de prorrogação previsto no parecer era 31 de dezembro de 2019. Em uma complementação de voto, porém, o relator, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), anunciou a ampliação do prazo para 2023, atendendo a pedido do Ministério da Fazenda. O novo prazo já constava na PEC de prorrogação da DRU enviada pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

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