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O ESTADO DE S.PAULO
01 Junho 2016 | 17h 35 - Atualizado: 01 Junho 2016 | 21h 18
Analistas já revisam para cima projeções feitas para 2016 e esperam retração menor da economia
O resultado do PIB do primeiro trimestre ainda traz notícias negativas da economia brasileira sob basicamente todos os ângulos, mas mesmo assim surpreendeu positivamente os analistas, que esperavam um desempenho ainda pior. Alguns economistas já estão revisando para cima suas projeções para o ano, porém as turbulências políticas continuam sendo uma fonte muito grande de incertezas, assim como a deterioração do mercado de trabalho, que deve afetar mais fortemente o consumo doméstico no restante do ano.
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O PIB dos três primeiros meses do ano caiu 0,3% ante o quarto trimestre do ano passado, quando a mediana das projeções era de retração de 0,8%. Os destaques foram uma queda menos acentuada da indústria e o aumento nos gastos do governo, além da continuidade do bom desempenho do setor externo. Ainda assim, a retração no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo continua forte.
Na avaliação do professor de economia do Insper João Luiz Mascolo, ainda há muita incerteza política pela frente. Segundo ele, o pior cenário seria a volta da presidente afastada, Dilma Rousseff. Por outro lado, se o presidente em exercício, Michel Temer, conseguir aprovar projetos importantes no Congresso, as projeções para a economia poderiam melhorar um pouco. "Para este ano, uma queda de cerca de 3,8% já está dada. Pode haver alguma melhora pequena, mas não faz muita diferença", opina. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, tem uma visão semelhante. Segundo ele, os analistas entendem que com Temer algumas reformas estruturais vão destravar. "Qualquer tipo de ruptura neste sentido vai fazer com que trave de novo a economia", alerta.
Uma das principais surpresas nos dados do PIB foi o consumo do governo, que subiu 1,1%, na margem. Para a sócia da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro, que esperava uma alta bem menor, de 0,3%, isso pode ser explicado em parte por gastos de custeio da máquina pública. A britânica Capital Economics é mais clara, afirmando que essa expansão foi uma última tentativa de Dilma de tentar recuperar apoio popular. Entretanto, com a necessidade de colocar as contas públicas em ordem, esse impulso não deve se repetir nos próximos trimestres, alerta a consultoria.
Outro fator preocupante para a economia é a forte deterioração do mercado de trabalho, com o desemprego subindo fortemente nos últimos meses. "O Brasil continua com o mercado de trabalho complicado e o crédito permanece em um terreno negativo. Apesar de começarmos a ver a reversão de expectativas por causa do novo governo, medidas concretas para resolver o fiscal e melhorar a economia ainda não foram vistas", avalia a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara.
Enquanto o governo tenta estimular o otimismo dos empresários e assim retomar os investimentos - já que com a necessidade de austeridade fiscal essa recuperação não virá do setor público - os analistas apontam que a administração Temer precisa começar a entregar ações concretas. "As empresas vão querer ter primeiro uma visão mais qualificada, mais embasada e garantias de que o discurso do governo está se convertendo em realidade", comenta o assessor econômico da Fecomercio-SP, Fábio Pina.
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