247 - O major do Exército William Pina Botelho, que se infiltrou em um grupo que protestava contra o governo Michel Temer, se passando por manifestante, foi arrolado como testemunha dos 18 jovens que foram detidos pela Polícia Militar durante um ato realizado no dia 4 de setembro de 2016.
O Ministério Público Federal abriu dois inquéritos para apurar se o flagrante dos jovens foi forjado pela PM paulista. As investigações, porém, estão em via de serem arquivadas. Um outro inquérito, que corria na Justiça Militar, já foi arquivado. Na época, o oficial detinha a patente de capitão. Após o episódio, ele foi promovido a major e transferido para Manaus (AM).
No processo a que os jovens respondem, por organização criminosa, Botelho nem chegou a ser denunciado, ou mesmo citado, pela promotoria. Na ocasião, o militar utilizou um perfil falso nas redes sociais com o nome falso de "Balta Nunes" para se infiltrar no grupo.
No momento da prisão dos manifestantes – ao todo foram 21 pessoas, três deles menores de idade – Botelho não chegou nem mesmo a ser levado para o Deic. No dia seguinte à prisão do grupo, ocorrida antes mesmo do início do protesto, o juiz Paulo Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo determinou que todos os presos fossem colocados em liberdade afirmando que a prisão era ilegal.
Todos os envolvidos respondem pelos crimes de associação criminosa e corrupção de menores, conforme denúncia formulada pelo promotor Fernando Albuquerque Soares Sousa. Também é questionado o fato de todas as testemunhas da acusação serem os policiais militares que participaram da prisão. Na peça acusatória, um dos jovens é acusado de "levar uma câmara", enquanto outros dez estariam portando uma barra de metal e um disco metálico.
O militar já foi intimado a depor, mas como foi transferido para Manaus, a defesa tentará ouvi-lo por meio de videoconferência. Caso isso não seja possível, ele terá que ser ouvido em Manaus.
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