"Eu sei o que é invasão e o que é integridade territorial. Achamos que a Rússia errou. Mas a guerra já começou e é preciso agora parar", afirmou o presidente
247 - Ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa, o presidente Lula (PT) falou neste sábado (22) novamente sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e se defendeu das acusações de que teria igualado a situação dos dois países.
Ele reafirmou sua condenação à Rússia por ter violado o território ucraniano, mas destacou que o foco principal nesse momento deve ser o fim do conflito. "Eu nunca igualei os dois países, eu sei o que é invasão e o que é integridade territorial. Achamos que a Rússia errou e já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas a guerra já começou e é preciso agora parar a guerra, e para parar a guerra tem que ter alguém que converse. E o Brasil está disposto a estabelecer essa ponte".
Perguntado se a União Europeia está contribuindo para a guerra, Lula respondeu que "se você não fala em paz, você contribui para a guerra. Vou lhe contar um caso: o chanceler Olaf Scholz foi ao Brasil e ele foi pedir para que o Brasil vendesse mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil se recusou a vender os mísseis, porque se a gente vendesse os mísseis, se esses mísseis fossem doados à Ucrânia, se esses mísseis fossem utilizados e morresse um russo, a culpa seria do Brasil, o Brasil estaria na guerra. E o Brasil não quer participar da guerra. O Brasil quer construir a paz".
"Nós condenamos a Rússia pela ocupação e por ferir a integridade territorial da Ucrânia. Isso logo nos primeiros dias. Tem um voto na ONU nesse sentido, fazendo críticas à ocupação. Entretanto, nós não somos favoráveis à guerra. Queremos a paz. Foi isso que eu conversei com o Olaf Scholz [chanceler da Alemanha], com o [Emmanuel] Macron [presidente da França], com o [Joe] Biden [presidente dos Estados Unidos], com o Xi Jinping [presidente da China]. O Brasil quer encontrar um jeito de estabelecer a paz entre Rússia e Ucrânia. O Brasil não quer participar de guerra. O Brasil quer encontrar um grupo de pessoas que se disponham a gastar um pouco de seu tempo conversando com todas as pessoas que pregam pela paz para fazer a paz. Eu não tenho experiência de guerra porque a última do Brasil foi a do Paraguai e eu não era nascido. Mas eu tenho experiência de muitos movimentos sociais, conheço quando se radicaliza muito ou não. Às vezes você começa uma luta achando que vai acontecer uma coisa, não acontece e depois você não sabe como parar. No caso da guerra, a Rússia não quer parar e a Ucrânia não quer parar. Pois bem, vamos ter que encontrar um grupo de países que possam formular, em uma relação de confiança, a ideia de que a guerra para, senta à mesa e conversa que a gente vai encontrar um resultado muito melhor. Eu nasci na minha vida política negociando, negociando situações muito difíceis para meu mundo sindical. Sempre acreditei que era possível encontrar uma solução. E acho que essa guerra da Rússia e da Ucrânia a gente pode encontrar uma solução. É preciso que os dois países confiem em interlocução, que pode ser de fora mas que pode ajudar a resolver o problema. É melhor encontrar uma saída em torno de uma mesa do que tentar continuar encontra a saída no campo de batalha", afirmou também.
O presidente ainda falou na necessidade de criar uma governança global mais forte que a Organização das Nações Unidas (ONU) atual e pediu uma ampliação do Conselho de Segurança da ONU. "O Brasil tem brigado muito para que a gente reveja sobretudo o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes. É preciso entrar mais países, mais continentes, e restabelecer uma nova geografia, porque a geografia de 1945 não é a mesma. Os continentes mudaram, os países mudaram e a gente não pode continuar com os membros do conselho fazendo guerra. Eles são membros do conselho e eles decidem a guerra sem consultar sequer o conselho. Foram os Estados Unidos contra o Iraque, a Rússia contra a Ucrânia, e a França e a Inglaterra contra a Líbia. Ou seja, eles mesmos desrespeitam as decisões do Conselho de Segurança e, por isso, vamos tentar mudar. O Brasil está brigando para que a gente tente convencer outros países a fazerem pressão para a gente ter um número mais representativo, acabar com o direito de veto para que a ONU possa fazer valer as decisões que a gente toma na questão ambiental".
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