Com Lula, o Brasil vem conquistando estabilidade externa, um superávit comercial expressivo e uma moeda forte, o que consolida sua posição no cenário internacional
247 - O novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem tendo uma ajuda inesperada da economia global. Contrariando as expectativas de uma atividade mundial mais fraca, os últimos indicadores revelam um cenário mais positivo. Com base nisso, especialistas preveem que o país terá um superávit comercial acima de US$ 70 bilhões em 2023, marcando um recorde se confirmado, informa o Estado de S. Paulo.
Embora o estágio atual da economia não apresente a mesma expansão observada na primeira década dos anos 2000, que foi fundamental para o crescimento econômico nos dois primeiros mandatos de Lula, o mundo tem se mostrado resiliente neste início de ano, o que pode trazer um ambiente internacional favorável ao Brasil, ainda que em uma escala menor.
De acordo com Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco, embora haja sinais de desaceleração na atividade global, não se trata de um colapso. Os analistas estão buscando entender o que explica esse desempenho acima do esperado, considerando que a confiança dos consumidores e empresários está em queda, o que indica uma menor propensão para investir e comprar.
Uma das hipóteses para explicar esse cenário é o estímulo monetário e fiscal concedido durante a pandemia, juntamente com a poupança acumulada pelas famílias nesse período. A força do consumidor nos Estados Unidos, por exemplo, tem adiado sucessivamente o cenário de recessão, e a rápida reabertura da China também contribui para as projeções de crescimento global.
A China desempenha um papel fundamental no comércio exterior brasileiro, sendo uma grande importadora de produtos básicos como soja e minério de ferro, e o país se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. Com a desaceleração da economia global, os preços das commodities têm caído, mas o Brasil tem conseguido compensar essa redução com o aumento na quantidade de produtos exportados. O país registrou uma supersafra de grãos e possui um agronegócio de alta produtividade.
A valorização das commodities também impulsionou o comércio internacional brasileiro. O peso da corrente de comércio no Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassou 30%, atingindo o maior patamar desde 1960, de acordo com estudo do Bradesco. Esse movimento foi resultado do impacto dos preços durante a pandemia, mas teve um efeito multiplicador no crescimento da economia.
Os resultados da balança comercial contribuirão para melhorar o resultado do setor externo brasileiro como um todo, reduzindo o déficit em conta corrente do país. Os investimentos diretos no Brasil também estão em uma situação confortável, o que fortalece a estabilidade externa e a moeda brasileira.
Apesar dos desafios enfrentados pelo governo no início da gestão Lula, como divergências com o Banco Central e questões relacionadas ao agronegócio, existem fatores positivos que colocam o Brasil no radar do comércio internacional. A aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, a investida na reforma tributária e o compromisso com o meio ambiente e a agenda de transição energética são percebidos como pontos positivos pela comunidade internacional.
Com base nessas perspectivas favoráveis, o Brasil caminha para se tornar "a Suíça da América Latina", como afirmou o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Robin Brooks. O país está conquistando estabilidade externa, um superávit comercial expressivo e uma moeda forte, o que fortalece sua posição no cenário internacional.
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