04/03/2024

Freire Gomes e Baptista Jr.: como seria o golpe e por que não foi dado. Aviso de Toffoli e de Aras garantiu diplomação de Lula

 



Brasil 247

Frouxos, Bolsonaro e sua corja de aloprados tentaram criar cenário de “caos” político e social para invocar o golpismo. Militares aconselharam antecipar diplomação de Lula

General Marco Antônio Freire Gomes (à esq.) e brigadeiro Carlos Baptista Júnior
General Marco Antônio Freire Gomes (à esq.) e brigadeiro Carlos Baptista Júnior (Foto: Cleber Caetano / PR I Marcelo Camargo / Agência Brasil)
 

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Por Luís Costa Pinto, do 247 em Brasília - Ao cabo das 11 horas em que permaneceu na sede da Polícia Federal, em Brasília, depondo sobre as intentonas golpistas promovidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e os elos que as conectam à violenta tentativa de abolição do Estado Democrático ocorrida em 8 de janeiro de 2023 no Brasil, o general Freire Gomes, comandante-geral do Exército entre março e dezembro de 2022, sabia que tudo o que disse fazia sentido para os investigadores. PF e Ministério Público Federal atuam em sintonia e sob comando do procurador-geral Paulo Gonet. O ministro Alexandre de Moraes é o responsável por denunciar, ou não, o ex-presidente e a corriola golpista aos demais integrantes do Supremo Tribunal Federal. A dinâmica dos fatos narrados pelo general, chamado de “cagão” pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, não só põe Bolsonaro na condição de co-autor intelectual do golpe pretendido como determina que sejam colocados nele - em breve - os grilhões da modernidade: a tornozeleira eletrônica, que virá como medida punitiva alternativa a fim de que o réu seja monitorado até o julgamento final da ação. Tudo o que Freire Gomes contou à PF e aos procuradores encarregados de acompanhar o longo depoimento estava perfeitamente sintonizado com a versão e a dinâmica dos fatos narrados pelo brigadeiro Antônio Baptista Jr., comandante da Aeronáutica entre abril de 2021 e dezembro de 2022.

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Havia uma certeza dominante na ala majoritária das Forças Armadas e entre os interlocutores estabelecidos por eles no Poder Judiciário, no Congresso e no Ministério Público: sem força para dar um autogolpe, o então presidente e os militares que lhe eram mais leais dificilmente agiriam de moto próprio. Queriam um estopim, um argumento, uma desculpa para endurecer o regime e instituírem uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) nacional ou a invocação do Artigo 142 da Constituição (segundo o blablablá bolsonarista, que é só lero-lero, as Forças Armadas seriam garantidoras da Ordem Constitucional e como tal poderiam ser chamadas a dirimir momentos de discórdia nacional). A centelha que incendiaria o País precisava vir, então, de alguma crise social ou institucional fabricada. Essa era a fórmula dos “laboratórios de Golpe de Estado” de Bolsonaro e de sua trupe de aloprados. E que tiraria o pino da granada ou acenderia o rastilho de pólvora podia estar num dos Poderes - um ministro do STF mais afoito, por exemplo, decretando prisão de alguém muito próximo do chefe do Poder Executivo, ou até mesmo um subprocurador determinando busca e apreensão em endereços do clã.

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