Jovens de diferentes regiões do País contam os desafios para chegar a Brasília e participar da competição
Faltando menos de 48 horas para o fim do prazo de inscrição, os estudantes Ana Gabrielle Veras, Beatriz Barroso, Eduardo da Silva e Patrielly da Silva, da Escola Estadual Eliana Pacheco Braga, em Manaus (AM), souberam, por meio da professora Stephane Thalyta Pires, sobre o Hackaton Pop, uma competição que poderia leva-los para conhecer a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília.
Para participar, os amazonenses deveriam propor um projeto de intervenção contra a desinformação sobre mudanças climáticas. Com a inscrição concluída, o grupo teve duas semanas para desenvolver um jogo digital no qual um tucano chamado “Supi” (“Verdade” na língua indígena Nheengatu) combate notícias falsas na Reserva Florestal Adolpho Ducke, onde eles moram.
“Criamos o projeto com base nos momentos vividos na nossa comunidade devido à fumaça. Fomos diretamente afetados pelas queimadas na região Amazônica, mais especificamente na Reserva Florestal Adolpho Ducke, que é praticamente o ‘quintal’ da nossa casa”, explicou a estudante Ana Gabrielle Veras, 17 anos, que está no 3º ano do Ensino Médio.
Ela relata que o prazo para o desenvolvimento do jogo foi curto e houve um outro agravante, a fumaça das queimadas que cobria a região de Manaus, levaram a suspensão das aulas presenciais. “Outro desafio foi a falta de recursos tecnológicos, pois não tínhamos computadores suficiente e não tínhamos experiência com a plataforma usada fazer o jogo, precisamos aprender a mexer na plataforma do zero para o resultado esperado”, contou a aluna.
Apesar dos desafios, a equipe conquistou o primeiro lugar no Hackathon Pop. “Com tantos projetos incríveis apresentados, ganhar foi uma surpresa muito feliz. Quando soubemos que ficamos em primeiro lugar a nível nacional, a felicidade e o orgulho estavam estampados em nossos rostos. Nunca tinha chorado de felicidade como naquele momento, foi um dos melhores dias das nossas vidas!”, comemorou Ana Gabrielle, que junto aos amigos, ganhou uma caixa de som e um celular como prêmio.
“Só temos que agradecer ao Hackaton por essa oportunidade incrível e inesquecível que marcou a vida de todos da equipe. Que este seja o primeiro de muitos e que faça a diferença na vida de muitas crianças, adolescentes e toda a sociedade, que elas saibam identificar e não compartilhar notícias falsas. Que sirva de exemplo para outros jovens se inspirarem, para que todos saibam que essa geração pode sim mudar o mundo da melhor maneira possível, usando o nosso maior aliado atualmente que é a ciência, tecnologia e inovação!”, concluiu.
Representantes da região Sul
Seis horas de ônibus e mais duas de avião durante a madrugada foram necessárias para que as alunas Glenda de Moraes, Flávia Aparecida, Ana Júlia Cândido e Maria Helena Pires chegassem a Brasília para o Hackathon Pop, na SNCT. Representando a Região Sul do país, as meninas são naturais de Curitibanos, Santa Catarina.
As oito horas de viagem e o cansaço não desanimaram o grupo, que chegou na quarta-feira (6/11). “Estamos animadas e nervosas pelo resultado. Mas sabemos que, mesmo se não ganharmos, tivemos uma experiência incrível e esperamos voltar outras vezes”, comentou Glenda, estudante de 15 anos e desenvolvedora do projeto, aluna da Escola Estadual Casimiro de Abreu.
Com o auxílio da professora Débora Almeida, o grupo desenvolveu o Projeto Ecoscan, um robô que, com a ajuda da Inteligência Artificial, responde se empresas fazem “greenwashing”, ou seja, uma estratégia de marketing que divulga informações enganosas sobre sustentabilidade de um produto ou serviço.
Ainda de acordo com a aluna, a professora descobriu o Hackathon na internet, incentivou as estudantes na construção da pesquisa teórica e prática. “Ela viu quem queria desenvolver o projeto e estava engajado em entrar no concurso, eu e minhas amigas nos prontificamos, somos uma equipe só de meninas”, complementou Glenda. O grupo Ecoscan ficou em 5º lugar na competição.
Representantes do Nordeste
Do Nordeste, de São José de Ribamar (MA), o estudante Josivan Silva, de 17 anos, soube do Hackaton por sua professora de biologia, Magda Helena Barbosa. “Ela convidou os alunos mais participativos em projetos para representarem o Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA)”.
Ao lado de Ana Clara Mendes, Ester Barros, Maria Khettlen Melonio e Fernando Lima, Josivan desenvolveu o jogo de tabuleiro e virtual Oby Verde e Azul, com perguntas sobre mudanças climáticas e desinformação. O objetivo do jogo é “ensinar um conhecimento, nem que seja básico, aos jogadores e entreter jovens com um conteúdo de educação ambiental”, disse Josivan. O projeto ficou em 2º lugar na competição.
Hackaton Pop
Promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Hackaton Pop teve como tema “Combate à Desinformação sobre Mudanças do Clima: promovendo a integridade da informação”.
Divididos em cinco grupos de três a cinco alunos e um professor cada, 27 estudantes estruturaram soluções para a resolução de problemas identificados em suas realidades sociais. Os projetos foram analisados por representantes das organizações apoiadoras e ministérios parceiros.
Cada grupo de alunos, que cursam entre o 8º ano do ensino fundamental e o ensino médio da rede pública de ensino, representa uma região do país. O grupo da Região Norte é de Manaus (AM), do Nordeste é de São José de Ribamar (MA), do Sul é de Campo Belo do Sul (SC), do Sudeste é de Campinas (SP) e do Centro-Oeste é de Inhumas (GO).
O que é hackaton?
O Hackaton é uma junção dos termos “hack” (programar, em inglês) e “marathon” (maratona, em inglês), desenvolvido em uma atividade imersiva durante a 21ª SNCT. Além de combater a desinformação sobre as mudanças climáticas, o Hackaton Pop tem o objetivo de estimular os estudantes a refletirem sobre o uso crítico e ético das informações, em consonância com a Base Nacional Comum Curricular, que incentiva o desenvolvimento de habilidades tecnológicas de forma crítica e significativa.
A iniciativa integra o Programa Nacional de Popularização da Ciência (Pop Ciência) e o Comitê de Popularização da Ciência e Tecnologia (Comitê Pop).
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