Lá vai Antônio, outra vez...


do jornal da estância
Rodrigo Boccato

“Mais uma vez, meu coração esquece tudo que você me fez. E volto pra esse amor insano sem pensar em mim, pra recomeçar, já sabendo o fim”. A composição é de Nenéo e Paulo Sérgio Valle, quem cantou muito foi Zezé di Camargo, mas quem dançou foi nossa presidente (o)(a) Dilma.
O cachorro reconhece o outro pelo cheiro do rabo. A meu ver, é uma experiência horrorosa, mas pelo menos é funcional. E assim Dilma reconheceu Palocci, sujando a fuça. Tenho certeza de que ela nunca mais esquecerá esta prova.
Confesso que fiquei chocado com a escolha do Ministro-Chefe da Casa Civil. A presidente sempre me pareceu diferente da asa-negra petista, mas concordo que ela também é da filosofia de que não se faz uma omelete sem quebrar os ovos.
O desafio da presidência exige muito mais rebolado do que a Mulher Melancia tem. Os conchavos – que os poetas insistem em chamar de alianças – fazem parte do dia-a-dia político. Ceder é palavra mais usada em Brasília do que em relações matrimoniais.
Assim, uma das figuras mais emblemáticas do mensalão volta para o Governo Federal num dos cargos mais importantes para fazer, de novo, uma lambança do tamanho do Planalto Central.
Chegaram a dizer que a culpa era da Folha. Disseram também que o problema foi o registro de um imóvel no Estado de São Paulo – onde sabemos que a austeridade é diferente de outros lugares. Enfim, óbvio é óbvio. E o escorpião pica tartaruga mesmo sabendo que ele vai morrer afogado junto com ela, faz parte da índole do animal.
Antonio fez o que ele sempre faz, o que de melhor faz e o que tinha que ter feito. Parece maquiavélico demais pensar na genialidade de Lula ao conduzi-lo ao cargo. Mas para o cara ser presidente do Brasil “três” vezes, ele tem que ser meio genial mesmo.
Dilma teve que esquecer a meritocracia, as escolhas técnicas e tudo aquilo que ela achava que faria pra governar. Agora ela desce a rampa para negociar com os políticos de Brasília, ela tem que limpar a fuça e o gabinete antes que vire o Plano Collor II. Só que pra limpar a fuça ela vai ter que sujar as mãos. Torço apenas pra que ela saiba limpá-las.
Se ela não limpar, voltamos ao mesmo erro que cometemos desde o Império de D. Pedro, a música continua e o sonho dela volta a fazer parte do que eu chamo de Plano Político Brasileiro (PPB) e aí “Não importa se é um sonho pelo avesso. Cada volta é um recomeço”.

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