DISTINÇÃO ENTRE POLÍTICA E GERÊNCIA – UMA NOVA REPRESENTAÇÃO


do jornal da estância
Em nosso município se faz necessária uma breve análise do modelo atual de gestão, e do modelo que realmente pode satisfazer os anseios de toda a população. O modelo vigente hoje é o que se convencionou chamar de modelo gerencial, e o modelo que já está em avanço nas grandes democracias mundiais é o que se convencionou chamar de modelo de governança democrática.
No modo gerencial de governar se confunde o papel do político e o do gerente. Em nosso município foi produzida uma subordinação da política à gerência, valorizando-se muito mais o papel gerencial e simplesmente de gestão do que o do político eleito com funções de governo.
            De fato, os gerentes ganharam relevância sobre os políticos, criando-se a figura do prefeito-gerente. Este enfoque tem sido acompanhado da tentativa de converter a prefeitura numa empresa, em alguns casos, inclusive, como a maior empresa do município.
            Os grandes problemas deste posicionamento, isto é, do modo gerencial de governar, são que a prefeitura, e menos ainda os serviços de bem-estar social, não são uma empresa, e querer torná-los semelhantes levaram  em muitos casos a desconsiderar sua responsabilidade pela aplicação da lei, própria de qualquer administração democrática, e o papel do cidadão passou do papel de súdito, próprio do modelo burocrático, ao de cliente ou consumidor, e não como cidadão propriamente dito. Ou seja, como sujeito ativo de direitos, a quem o governo deve ser capaz de representar.
            Na governança democrática, o papel do político não apenas é re-valorizado em relação ao gestor ou gerente. Ele também deve ser capaz de gerir os serviços com eficácia e em função do seu impacto no desenvolvimento comunitário.
            No quadro seguinte (1) são destacadas as diferenças citadas:
GERENTES
ELEITOS NA GOVERNANÇA
1.ORGANIZAM E PROPORCIONAM RECURSOS
2.FAZEM CORRETAMENTE AS COISAS
3.CENTRAM-SE NOS PROCESSOS DE TRABALHO
4.PERGUNTAM-SE COMO E ONDE
5.PREOCUPAM-SE EM FAZER AS COISAS
6.DÃO PRIORIDADE AOS PROCEDIMENTOS, ESTRUTURAS, CONTROLE E QUALIDADE DA GESTÃO
7.CONFIAM NOS PROCEDIMENTOS E CONTROLES
8.INTERESSAM-SE PELA PRODUTIVIDADE
9.A PARTICIPAÇÃO COMO CLIENTE E USUÁRIO DE SERVIÇOS
1.CONSTROEM O INTERESSE GERAL
2.FAZEM AS COISAS CORRETAS
3.CENTRAM-SE NA CRIAÇÃO DE UMA VISÃO COMUM
4.PERGUNTAM-SE O QUÊ E QUANDO
5.PREOCUPAM-SE COM O SIGNIFICADO DAS COISAS PARA AS PESSOAS
6.DÃO PRIORIDADE AOS OBJETIVOS SOCIAIS, AOS VALORES E “POSICIONAM” AS PESSOAS NUMA DIREÇÃO
7.CONFIAM NAS PESSOAS E SUA CAPACIDADE DE MUDANÇA E COMPROMISSO
8.INTERESSAM-SE PELA EFICÁCIA (CUMPRIR OBJETIVOS)
9.A PARTICIPAÇÃO COMO CONSTRUÇÃO E ENVOLVIMENTO DA CIDADANIA
(1)
É importante o equilíbrio entre a administração e a representação, mas a prioridade é a liderança representativa para fortalecer a capacidade de organização e ação. A liderança é chave em tempos de mudança. Está claro que a atual administração segue o modelo gerencial, e a permanência desse modo de gestão é um grave perigo para o crescimento do município. O líder que precisamos deve ter a capacidade de ser o agente da mudança de um modelo gerencial para um modelo de governança. Com abertura, participação, responsabilidade, eficácia e coerência. Como um aglutinador e organizador do interesse geral.
Sergio Ricardo De Angelis
Empresário, engenheiro de materiais com graduação em polímeros, com curso de Gestão e Avaliação de Políticas Públicas (FGV)

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