Ação do governador, desafeto do prefeito, é decisiva para comissão que investigará criação do PSD, mas tucanos temem 'traição do PT
Alberto Bombig - O Estado de S.Paulo
Na busca dos apoios necessários para instalar uma CPI que tenha como foco a criação do PSD por Gilberto Kassab, a oposição ao prefeito de São Paulo fará dois movimentos decisivos na próxima semana: negociar com o PSDB de Geraldo Alckmin e conter um foco governista dentro da bancada petista na Câmara paulistana.
Célio Messias/AE
Adversários. Prefeito de São Paulo é provável concorrente de Alckmin ao governo do Estado
Até ontem, a oposição, capitaneada por PT e PR, calculava ter garantidos 20 dos 28 votos necessários para instalar uma CPI que investigue o uso da máquina pública municipal na criação do PSD, o partido anunciado pelo prefeito da capital paulista no início deste ano. Como a bancada do PSDB possui 7 vereadores, uma eventual adesão dos tucanos deixaria a investigação próxima de ser concretiza.
A despeito de o PSDB integrar a base de apoio à administração, o que anima os opositores é o fato de o governador Geraldo Alckmin, principal líder do PSDB no Estado, ser hoje um adversário de Kassab e do PSD, sigla pela qual o prefeito planeja concorrer ao Palácio dos Bandeirantes muito provavelmente contra o próprio Alckmin.
Outro foco de tensão entre tucanos e "kassabistas" foi a saída de seis vereadores do PSDB para se aproximar ainda mais do prefeito em abril deste ano.
"Os fatos são fortes o suficiente para demandar uma investigação. Tenho certeza de que eles vão sensibilizar os vereadores, inclusive os do PSDB", disse Antonio Donato, presidente do PT paulistano e autor do requerimento de criação da CPI.
Nesta semana, reportagens do Estado e do jornal Folha de S. Paulo trouxeram fortes evidencias do uso da máquina municipal na coleta das assinaturas necessárias para a criação do PSD a tempo de o partido concorrer nas eleições do ano que vem. Conforme a legislação, são necessárias 482 mil assinaturas para a inscrição do novo partido.
Vereadores do PT. Porém, além de negociar com os tucanos a oposição terá de resolver internamente conflitos gerados pela influência de Kassab dentro do PT, que tem 11 vereadores. Com o PSD, Kassab busca uma aproximação com o governo da presidede Dilma Rousseff.
Um líder tucano disse reservadamente temer desgaste ao apoiar a CPI e ser "traído" pelo PT. Segundo ele, o PSDB ainda analisa o que irá fazer. "Hoje, para dar uma resposta bem tucana, eu não diria nem que sim, nem que não sobre o apoio", disse ele.
"O prefeito deve ter mesmo uma lábia invejável, pois tem consigo ajuda até dos petistas", disse o vereador Aurélio Miguel (PR). Ele se refere ao episódio da votação em plenário que arquivou ações de investigação contra parlamentares da base governista. Kassab entrou pessoalmente na negociação e conseguiu que quatro vereadores do PT se abstivessem de votar pela abertura dos processos. Senival Moura, Zelão, Francisco Chagas e Alfredinho, os petistas em questão, são ligados ao vereador Arselino Tatto, para quem Kassab pediu apoio antes da votação. O prefeito também procurou o deputado estadual João Antônio, que chegou a levar o tema para uma reunião da Executiva Estadual do PT.
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